A Domesticação dos Cavalos: Nova Perspectiva Histórica
A domesticação dos cavalos, um dos eventos mais transformadores da história da humanidade, foi recentemente reavaliada por pesquisadores em um estudo publicado na renomada revista científica Nature. Diferentemente do que se acreditava, a transformação dos cavalos em animais domesticados para uso humano teria começado de fato apenas há 4.200 anos, em torno do mar Negro, e não há 5.500 anos como se pensava anteriormente.
A análise baseada em DNA de cavalos antigos e modernos, liderada por Pablo Librado e Ludovic Orlando, revela que a domesticação dos cavalos não teve a influência esperada na propagação das línguas indo-europeias, como se acreditava até então. Essa descoberta lança novas luzes sobre a ligação entre a domesticação dos equinos e as migrações humanas na Eurásia.
O estudo sugere que tentativas anteriores de domesticação, há 5.500 anos na Ásia Central, não deixaram descendentes na população atual de cavalos. Além disso, os primeiros esforços visavam transformar os animais em fontes de alimento e não como montarias ou animais de carga, como se pensava.
O debate sobre a domesticação dos cavalos e sua relação com o surgimento das línguas indo-europeias tem sido tema de discussão por muitos anos. A maioria dos idiomas europeus e de regiões colonizadas por europeus faz parte dessa família linguística, mas a nova pesquisa sugere que a conexão direta com a domesticação dos cavalos pode não ser tão clara como se imaginava.
O estudo também revelou que a linhagem genética dos cavalos domesticados não estava presente na Europa há 5.000 anos, mas surgiu apenas 800 anos depois. A consanguinidade e a diminuição do intervalo entre gerações foram identificadas como sinais importantes do processo de domesticação, mostrando como os criadores manipularam a reprodução dos animais para atender à demanda crescente por cavalos.
Essa nova perspectiva sobre a domesticação dos cavalos lança questionamentos sobre seu papel na expansão das populações humanas antigas e destaca o impacto histórico significativo que a domesticação da espécie teve no Velho Mundo, especialmente com a utilização de carros de guerra e guerreiros montados na antiguidade.
