
Entrevista com Woody Allen: O Cineasta Sem Preocupações com Legados
O renomado cineasta Woody Allen, em uma conversa exclusiva por vídeo com a equipe da Folha, direto de seu apartamento em Nova York, discutiu a liberdade criativa, as dificuldades enfrentadas na indústria cinematográfica e seu último filme, “Golpe de Sorte em Paris”.
Com uma carreira marcada por clássicos do cinema como “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, Allen aborda a controvérsia que o cerca, desde acusações de abuso sexual até seu afastamento de Hollywood. O cineasta revelou que não busca financiamento para novos projetos e que seu foco atual está em outras formas de expressão, como teatro e literatura.
Allen, aos 88 anos, expôs sua visão cética sobre legados, afirmando que, após a morte, não se importa com o destino de suas obras. Para ele, o simples ato de criar um filme já é gratificante o suficiente, não havendo necessidade de cultuar um suposto legado póstumo.
“Golpe de Sorte em Paris”: Uma Nova Perspectiva
O novo filme de Allen, ambientado na vibrante Paris, surge como um marco em sua extensa filmografia. O diretor explora temas caros a sua narrativa, como as nuances das relações amorosas e o lado sombrio do ser humano, com um toque de humor judeu característico.
Após enfrentar o escrutínio público e o repúdio de parte da indústria cinematográfica, Allen encontrou em Paris não apenas um cenário inspirador, mas também uma nova perspectiva para suas histórias. O filme, menos cômico e mais trágico, reflete as inquietações e reflexões existencialistas que permeiam a filmografia do diretor.
Refletindo sobre Hollywood e o Futuro da Indústria Cinematográfica
Allen compartilhou sua visão melancólica sobre o estado atual do cinema, lamentando a perda do romance e do ritual associados à produção e exibição de filmes. Para ele, a ascensão do streaming e a diminuição das salas de cinema têm impactado negativamente a experiência cinematográfica.
Apesar das críticas e do distanciamento de Hollywood, Allen permanece fiel a sua visão autoral e reitera sua independência criativa. Seu descontentamento com a atual conjuntura da indústria não o impede de continuar explorando novas formas de contar histórias e cativar públicos ao redor do mundo.