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Desigualdade salarial entre advogados: mulheres e negros na base da pirâmide
Um levantamento realizado pela OAB (Ordem de Advogados do Brasil) revelou que a proporção de advogados na menor faixa salarial da categoria é maior entre negros e mulheres. Esses dois segmentos também são mais jovens e têm menos tempo de carreira, o que pode apontar para uma recente democratização da profissão, apesar do quadro de desigualdade.
De acordo com o 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira, realizado com uma amostra de 20.885 advogados, 34% do total dos profissionais ganham até dois salários mínimos. Quando analisamos a divisão por gênero e raça, vemos que 41% das mulheres estão nessa faixa salarial, contra 27% dos homens. Já entre os pretos, o número chega a 45%, entre os pardos a 39% e entre os brancos a 31%.
Outro dado relevante é que, mesmo entre profissionais com o mesmo tempo de atuação, as mulheres e negros tendem a receber salários menores. Isso levanta questões sobre machismo e sexismo no ambiente de trabalho, conforme aponta Rafael Horn, vice-presidente do Conselho Federal da OAB.
Além disso, o levantamento também evidenciou uma mudança na composição dos advogados, com 50% sendo do gênero feminino e 49% do masculino. Quanto à raça, 64% declararam ser brancos, 25% pardos, 8% pretos e cerca de 1% amarelos e indígenas. Mulheres e negros também são mais jovens, com uma proporção maior na faixa etária de 24 a 44 anos.
Para a OAB, apesar dos desafios impostos pela desigualdade salarial, a democratização da advocacia é um aspecto positivo, impulsionado pelo aumento da oferta de cursos de direito. No entanto, a proliferação de cursos de baixa qualidade preocupa a entidade, pois pode impactar a ascensão profissional de advogados mais jovens no mercado.
Maternidade
O estudo também revelou diferenças relacionadas ao número de pessoas sem filhos na amostra, com 43% do total se enquadrando nessa categoria. Entre as mulheres, o número sobe para 52%, indicando uma possível preocupação com a carreira que pode levar ao adiamento da maternidade. A questão da maternidade também impacta nos cuidadores solo, com 26% das mulheres nessa situação, contra 8% dos homens.
Em suma, a desigualdade salarial entre advogados reflete questões de gênero, raça e maternidade que permeiam a sociedade brasileira, evidenciando a necessidade de medidas para promover a equidade e a inclusão no ambiente jurídico.