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Uso de fotos de crianças brasileiras em inteligência artificial sem consentimento gera preocupações, revela relatório da Human Rights Watch.






Relatório da Human Rights Watch aponta uso de fotos de crianças brasileiras em IA

Relatório da Human Rights Watch aponta uso de fotos de crianças brasileiras em inteligência artificial

Na última segunda-feira (10), a ONG Human Rights Watch divulgou um relatório alarmante que expõe o uso indevido de fotos de crianças e adolescentes brasileiros para alimentar ferramentas de inteligência artificial sem o consentimento ou conhecimento desses jovens.

De acordo com a análise realizada, o LAION-5B, um conjunto de dados utilizado para treinar diversos modelos de IA populares, apresenta links para fotos identificáveis de crianças, além de disponibilizar seus nomes em legendas ou URLs. A investigação revelou que muitas dessas identidades são facilmente rastreáveis, contendo informações detalhadas sobre o local e data das imagens.

O estudo identificou 170 fotos de crianças provenientes de dez estados brasileiros, como Alagoas, Bahia, Ceará, São Paulo, entre outros. No entanto, a Human Rights Watch ressalta que esse número representa apenas uma pequena amostra do problema, já que o LAION-5B contém um total de 5,85 bilhões de imagens e legendas, sendo que apenas 0,0001% desse conteúdo foi analisado pela organização.

As imagens encontradas variam desde bebês recém-nascidos até adolescentes, capturando momentos de celebração, estudo, dança, entre outros, ao longo dos anos. Segundo a pesquisadora de direitos da criança e tecnologia da ONG, Hye Jung Han, a motivação para investigar essa questão veio após relatos de assédio sexual contra jovens vítimas de deepfakes, criados a partir de suas fotos.

Han destaca que as imagens utilizadas pelas ferramentas de IA não são provenientes de bancos de imagens comuns, mas sim de sites escolares, blogs pessoais e canais do YouTube. Apesar de a plataforma ter removido as imagens denunciadas, não foram fornecidas medidas concretas para evitar novos abusos do tipo.

A preocupação da Human Rights Watch reside no potencial risco de criação de clones digitais de crianças com base em imagens existentes, assim como a manipulação de vídeos para gerar conteúdos explícitos. A falta de legislação que proteja a privacidade de dados de crianças no Brasil é um agravante apontado pela organização, que defende a implementação de políticas que garantam a segurança dos menores de idade no ambiente digital.

A ONG ressalta a importância da resolução proposta pelo Conanda em abril deste ano, que estabelece a criação de uma política nacional para proteger os direitos das crianças e adolescentes na internet. A implementação efetiva dessas medidas é urgente para prevenir abusos futuros e garantir a responsabilidade do governo em proteger os vulneráveis no cenário digital.

Em resumo, a pesquisa da Human Rights Watch expõe a necessidade de uma regulamentação mais eficaz para coibir o uso indevido de imagens de crianças em sistemas de IA, bem como a disponibilização de recursos para garantir a justiça e reparação às vítimas dessas violações.


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