
Análise da popularidade do governo Lula
A pesquisa Quaest sobre popularidade do governo Lula demonstra esse desafogo. A aprovação oscilou para cima (dentro da margem de erro) e voltou ao patamar do fim de 2023: 54% em julho, contra 50% em maio. Melhorou mais entre os pobres: sete pontos, contra dois entre os mais ricos. Foi a gôndola. É a gôndola. Mas dirão que foi a crítica repetida de Lula ao juro alto.
Não foi. Quem vai ao mercado percebeu que o pãozinho, o feijão preto, o macarrão, a cebola, as carnes, o ovo e o frango estão mais baratos. A batata subiu menos em junho do que em maio. Por isso, o custo da alimentação em casa aumentou menos (0,47%) no mês passado do que no mês anterior (0,66%) e em abril (0,81%). É o carro da inflação perdendo velocidade por dois meses seguidos.
Resultado: 52% dizem que a economia vai melhorar. Eram 46% em fevereiro. Até os menos pobres estão mais otimistas.
Todo mundo come. Nem todo mundo presta atenção em Lula criticando o presidente do Banco Central que herdou do Bolsonaro. Dois em cada três brasileiros não ficaram nem sabendo das críticas de Lula aos juros, segundo a Quaest. Podem até concordar (66%) com a crítica depois de informados pelo pesquisador (87% acham os juros altos demais), mas não foram influenciados por ela e sim pelo bolso e pelas gôndolas.
Tudo bem, então? Nem tanto.
A melhora na aprovação e, principalmente, a concordância da maioria com a crítica aos juros podem estimular o presidente a voltar ao ataque contra o comando do Banco Central. Menos mal que no primeiro teste público, um discurso em cerimônia com catadores transmitido ao vivo nesta quarta, Lula tenha deixado de lado os juros e Campos Neto. A ver por quanto tempo.