
A declaração de Campos Neto, durante uma audiência no Senado, surpreendeu o grupo de trabalho que tem discutido o assunto nos últimos três meses. O presidente do BC recebeu críticas por ter se adiantado ao término das discussões, já que os representantes do varejo e das maquininhas não haviam sido incluídos no grupo de trabalho do rotativo.
Atualmente, uma das mudanças em debate é a criação de uma taxa para as compras parceladas sem juros, a ser aplicada a partir da quarta prestação. Os bancos argumentam que o parcelamento sem juros tem incentivado o calote nas faturas e precisa ser desencorajado. No entanto, de acordo com o estudo da Abranet, que representa cerca de 10% dos cartões emitidos no mercado, a taxa de inadimplência é a mesma para quem compra à vista (31%) e para quem compra parcelado (30%).
Carol Conway, presidente da Abranet, expressou estranheza e preocupação com a decisão que está sendo debatida unilateralmente pelos grandes bancos. Ela alertou que prejudicar o modelo de compras parceladas em cartão de crédito no Brasil terá um impacto drástico no consumo e afetará todo o mercado varejista, principalmente os pequenos lojistas e as empresas de maquininhas de cartão.
Segundo Conway, os altos juros nos cartões de crédito não são justificados pela inadimplência nas compras parceladas. Ela argumenta que a solução para reduzir os juros está dentro dos próprios bancos, que foram agressivos na concessão de crédito nos últimos anos. Para ela, o aumento da competição é o que realmente derrubará os juros, utilizando medidas como a portabilidade de dívidas de cartão, semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos.
A Abranet acredita que, se os bancos não querem mais assumir o risco da inadimplência do parcelado, eles não deveriam mais oferecer essa opção aos clientes, já que são proprietários das instituições emissoras dos cartões. A associação destaca a importância de incluir todas as partes interessadas na discussão para encontrar uma solução justa e equilibrada.
Em resumo, o estudo elaborado para a Abranet contradiz a afirmação dos bancos de que a inadimplência nas compras parceladas por cartão de crédito é maior do que nas compras à vista. A presidente da associação alerta para os impactos negativos de desencorajar as compras parceladas e acredita que a competição e a portabilidade de dívidas são medidas mais efetivas para reduzir os juros praticados pelos bancos. A discussão sobre o tema deve incluir todas as partes envolvidas para garantir uma solução adequada.