
A expressão “No alcanza” ganhou destaque na Argentina nos últimos meses devido ao aumento de preços, corte de subsídios e uma inflação significativa. É a maneira que a população encontra para expressar que seus salários ou pensões não conseguem cobrir as despesas do mês.
Javier Milei, presidente que assumiu um país imerso em hiperinflação há seis meses e implementou uma política de ajuste fiscal rígido, mantém um considerável apoio popular, com uma avaliação positiva acima de 50% em diversas pesquisas.
Uma pesquisa qualitativa realizada pela fundação alemã Friedrich Ebert entrevistou 24 eleitores de Milei, de diferentes perfis, para entender como enxergam o governo. Foram abordados eleitores moderados, que optaram por outros candidatos no primeiro turno e escolheram Milei no segundo.
O estudo revelou que, apesar da insatisfação e preocupação com a demora para perceber melhorias financeiras e o aumento dos preços, muitos eleitores mantêm esperança em Milei. Alguns críticos permanecem leais ao presidente, destacando a expectativa de mudanças positivas no futuro.
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A socióloga Esther Solano, autora da pesquisa, analisa que Milei representa a esperança para muitos eleitores desiludidos. Ela ressalta a ideia de sacrifício presente no discurso do presidente, enfatizando a necessidade de mudanças para o bem do país.
Solano destaca o papel disruptivo de Milei na política argentina e ressalta que a situação econômica do país se tornou um “laboratório a céu aberto” devido à abordagem libertária e teatral do presidente diante da crise.
Apesar das críticas e descontentamento em relação a medidas como o aumento de tarifas e aluguéis, a pesquisa mostra que muitos eleitores seguem apoiando Milei, acreditando que o tempo é necessário para a recuperação econômica.
A questão que permanece em aberto é até quando a paciência dos argentinos se manterá diante de uma realidade de salários defasados e preços em constante alta, especialmente no setor alimentício.