Morre aos 94 anos a renomada economista Maria da Conceição Tavares, referência do pensamento econômico desenvolvimentista no Brasil.
Nascida em Portugal, em 1930, Maria da Conceição migrou para o Brasil em 1954, durante a ditadura salazarista, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Sua contribuição para a economia brasileira foi extensa e impactante, influenciada por nomes importantes como Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel.
A economista lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade de Campinas (Unicamp), onde formou diversas gerações de economistas, incluindo figuras proeminentes como a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-senador José Serra. Sua defesa por uma sociedade mais justa e solidária a tornou uma referência no meio acadêmico e político.
Atuante em diversos cenários, Maria da Conceição participou da elaboração do plano de metas do governo Juscelino Kubitschek e se destacou nos estudos sobre substituição das importações, tendo trabalhado na Comissão Econômica para América Latina (Cepal). Além disso, publicou centenas de artigos e livros influentes, sendo reconhecida com o Prêmio Jabuti em 1998.
Nos últimos anos, a economista ganhou notoriedade nas redes sociais, onde compartilhava vídeos de entrevistas e aulas sobre industrialização nacional, sempre com discursos francos e intensos. Sua crítica à política econômica do regime militar no Brasil lhe rendeu momentos difíceis, como a prisão por 48 horas em 1974.
Maria da Conceição também teve participação ativa na elaboração do Plano Cruzado durante o governo de José Sarney, demonstrando seu engajamento em questões econômicas e sociais do país. Sua influência foi tão marcante que ela foi homenageada pelo BNDES neste ano, sendo reconhecida como uma figura crucial na luta pela democracia e no debate de um projeto nacional de desenvolvimento.
A morte de Maria da Conceição Tavares deixa um vazio no cenário acadêmico e político do Brasil, mas seu legado e suas ideias continuarão vivas para inspirar futuras gerações de economistas e pensadores sociais. Ela será lembrada por sua paixão pelo debate público, seu comprometimento com a justiça e sua incansável busca por um mundo melhor e mais igualitário.
