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Consuelo de Ética da Câmara dos Deputados: sessão tumultuada termina com arquivamento de suposta “rachadinha” e troca de xingamentos e ameaças.




Artigo Jornalístico

O Caos no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados

No dia 5 de junho de 2024, o Brasil assistiu atônito a uma sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que parecia mais um ringue de lutas do que um órgão responsável por julgar condutas parlamentares. O palco desta batalha política foi o cenário já conhecido por abafar escândalos e desvios de conduta, mas desta vez, a tensão estava nas alturas.

O protagonista da contenda era André Janones (Avante-MG), figura polêmica que ganhou destaque por sua participação na campanha digital de Lula em 2022. O deputado escapou por pouco de um processo por suposta “rachadinha”, graças ao pedido de arquivamento feito por Guilherme Boulos (PSOL-SP), também ligado ao ex-presidente petista. O resultado da votação, que acabou com o arquivamento do caso por 12 votos a 5, foi apenas o começo de um verdadeiro pandemônio.

A sessão, que durou cerca de duas horas e meia, foi marcada por gritos, xingamentos, ameaças e até mesmo um deputado se vangloriando por ter matado pessoas. O clima de baderna se estendeu para além dos limites do Conselho de Ética, com perseguições pelos corredores da Câmara e confrontos quase físicos.

Além dos excessos de comportamento, a sessão expôs outros males da política atual, como debates superficiais, falta de conhecimento das regras, corporativismo, acordos obscuros e performances midiáticas em busca de likes nas redes sociais.

O Embate Político

Tudo começou algumas semanas antes, quando Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, apresentou um breve parecer pelo arquivamento do caso de Janones. Sua justificativa era de que as acusações de “rachadinha” remontavam a um período anterior ao mandato do deputado, o que não configuraria quebra de decoro parlamentar.

Porém, um áudio comprometedor veio à tona, no qual Janones discutia a devolução de salários de assessores e sua investigação pelo Supremo Tribunal Federal, evidenciando que ele já estava no exercício do mandato quando o caso ocorreu. Apesar disso, Boulos foi questionado diversas vezes sobre essas disparidades em seu relatório, mas preferiu não responder.

A sessão do Conselho de Ética acabou se transformando em um ringue de partidos e ideologias, com a presença maciça de bolsonaristas que buscavam desacreditar Janones, um crítico ferrenho do governo, e minar a campanha de Boulos. A troca de insultos e acusações entre os parlamentares foi intensa, chegando ao ponto de termos, como “palhaço”, “moleque de rede social” e até “cachaceiro” sendo proferidos no recinto.

Consequências e Reflexos

Após o tumulto e o anúncio do arquivamento do processo, os ânimos não se acalmaram. Bolsonaristas foram para cima de Janones com ofensas, sendo respondidos com o mesmo tom. O embate se estendeu para os corredores da Câmara, até que autoridades precisaram intervir para conter a situação.

No meio de toda essa confusão, Janones teve que se retratar publicamente por comentários homofóbicos, enquanto os bolsonaristas continuaram com suas críticas e incitações à entrada na política. Boulos, por sua vez, manteve-se discreto nas redes sociais após o episódio.

Em meio ao caos, uma frase proferida pelo deputado Gustavo Gayer ressoa como um alerta: “O Brasil vai olhar para essa votação de hoje”. E, de fato, a sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no dia 5 de junho de 2024 ficará marcada como um reflexo do atual estado da política brasileira.


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