Crise alimentar atinge Argentina com acusações de falta de distribuição para comedores populares e aumento da pobreza.

O governo liderado por Javier Milei está no centro de uma polêmica na Argentina devido à não distribuição de alimentos para os restaurantes populares, conhecidos como comedores, que estão chegando próximos à data de vencimento. Esta situação gerou uma crise política que culminou na demissão do secretário de Crianças e Adolescentes do Ministério do Capital Humano, Pablo De la Torre, apontado como responsável pela distribuição dos mantimentos.

Diante das acusações de má gestão na distribuição de alimentos, Milei concedeu uma entrevista à Rádio Mitre no último domingo (2) para defender a ministra da pasta, Sandra Pettovello, e acusar a oposição de tentar derrubá-la. O governo alega que as acusações são uma tentativa de intimidação.

Para lidar com a crise, o ministério de Pettovello abriu uma auditoria para investigar o caso dos alimentos próximos do vencimento e responsabilizou funcionários por falta de controle adequado de estoque e validade dos produtos. A falta de repasses para os comedores comunitários tem impactado diretamente a população carente, com pelo menos 32 deles anunciando o encerramento da distribuição de alimentos nas últimas semanas.

Organizações como a Rede de Apoio Escolar e Educação Complementar (ERA) têm sido afetadas pela falta de recursos, tendo que fechar vários comedores que mantinham, privando milhares de crianças e adolescentes de refeições diárias de qualidade. A situação é dramática, segundo a representante da ERA, Margarita Zubizarreta.

Além disso, a organização Rede de Infância, Adolescência e Educação Popular (Interredes) alerta que 183 instituições que distribuem alimentos gratuitamente correm o risco de fechar por falta de repasses do governo. A pressão sobre o governo Milei aumentou ainda mais após uma decisão judicial determinando a distribuição de alimentos em 72 horas, que não foi cumprida pelo governo.

A crise dos comedores populares está inserida em um contexto de aumento da pobreza na Argentina, que atingiu níveis alarmantes nos últimos anos. O governo de Milei tem adotado medidas de austeridade para tentar estabilizar a economia, o que tem gerado críticas de economistas e setores que acreditam que os mais pobres estão sendo prejudicados. Enquanto isso, a população argentina enfrenta dificuldades crescentes, com milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e lutando para sobreviver em meio à crise econômica e social.