Gabriel Galípolo é indicado por Lula para presidir o Banco Central em substituição a Roberto Campos Neto, com sabatina marcada no Senado.

O Senado recebeu, nesta segunda-feira (2), a mensagem de indicação do economista Gabriel Galípolo para presidir o Banco Central. Indicado pelo presidente Lula, ele substituirá Roberto Campos Neto, cujo mandato se encerra este ano. Galípolo passará por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em data a ser definida. Os cidadãos já podem participar enviando comentários e perguntas pela página do e-Cidadania.
Após a sabatina, a indicação ainda precisa ser confirmada em votação no Plenário. As votações são secretas e o indicado precisa obter a maioria dos votos.
Galípolo, que atualmente é diretor de Política Monetária do Banco Central, tem uma extensa trajetória. Natural de São Paulo, tem 42 anos, já atuou como secretário-executivo do Ministério da Fazenda no início da gestão de Fernando Haddad, além de possuir graduação e mestrado em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e experiência como professor universitário e presidente do Banco Fator.
Ele iniciou sua carreira pública em 2007, durante o governo de José Serra em São Paulo. Desde então, Galípolo é reconhecido por sua competência técnica para mediar entre o mercado e o governo.
Autonomia
O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem enfrentado críticas pela política monetária adotada, que segundo seus críticos, incluindo o presidente Lula, estaria dificultando a reindustrialização do país e a retomada do crescimento. Enquanto isso, na CCJ do Senado, tramita uma proposta que propõe dar autonomia financeira e orçamentária ao BC, transformando-o em uma empresa pública com maior independência. A proposta já recebeu apoio de alguns senadores, porém enfrenta resistência de outros, como o senador Rogério Carvalho.
Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei complementar tenta revogar a autonomia do Banco Central. O autor, deputado Guilherme Boulos, propõe mudanças em relação à independência do órgão.
Veja os presidentes do Banco Central neste século e a votação que cada um recebeu na CAE e no Plenário |
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Armínio Fraga |
Foi indicado no início do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso. A indicação de Armínio Fraga recebeu relatório favorável do ex-senador Ney Suassuna. Após uma sabatina que durou nove horas, com mais de 100 perguntas feitas por 39 senadores, o nome do economista foi aprovado por 21 a 6. No Plenário, obteve 57 votos a favor e 20 contrários. Fraga exerceu a presidência do Banco Central entre março de 1999 e janeiro de 2003. |
Henrique Meirelles |
Por um acordo entre PT e PSDB na transição de governo, Meirelles teve sua indicação assinada por Fernando Henrique Cardoso, na conclusão do seu mandato, em 2002. Na CAE, Meirelles foi aprovado por 21 votos a 5. Apesar das críticas, o nome do economista foi aprovado por 39 a 12 no Plenário. Ele chefiou o banco entre 2002 e 2011. |
Alexandre Tombini |
Alexandre Tombini assumiu o Banco Central na gestão de Dilma Rousseff. Após uma sabatina, seu nome foi aprovado com 22 votos a favor e apenas um contrário. No Plenário, conseguiu 37 votos a favor e 7 contrários. Tombini chefiou o BC entre 2011 e 2016, período marcado por crise econômica e política. |
Ilan Goldfajn |
Indicado durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, Goldfajn teve apoio para assumir o BC. Sua indicação foi aprovada na CAE por 19 votos a 8 e no Plenário por 56 votos a favor e 13 contrários. Ele permaneceu no cargo até 2019, quando passou a presidência para Campos Neto. |
Roberto Campos Neto |
O atual presidente é bacharel e mestre em economia, com longa experiência no setor financeiro. Durante sua sabatina na CAE, foi aprovado por unanimidade. No Plenário, obteve 55 votos a favor e 6 contrários. |
Como participarOs cidadãos podem enviar perguntas e comentários pelo telefone da Ouvidoria do Senado ou pelo Portal e‑Cidadania. Suas contribuições serão lidas e respondidas pelos senadores e debatedores durante o evento. O Senado oferece uma declaração de participação, válida para atividades complementares em cursos universitários. Além disso, o Portal e‑Cidadania também permite o envio de opiniões sobre os projetos em tramitação e sugestões para novas leis. |
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)