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Orangotango selvagem de Sumatra surpreende cientistas ao tratar ferida com planta desconhecida: liana bioativa cicatrizou sem deixar marcas.




Artigo: Automedicação animal: o que aprendemos observando os orangotangos

Jornal Online

Recentemente, um orangotango selvagem de Sumatra chamou a atenção dos cientistas ao realizar um autotratamento após sofrer um ferimento facial em uma briga com outro macho. O animal mastigou folhas de uma liana, uma planta não usualmente consumida por macacos, e aplicou o suco na ferida, cobrindo-a com uma pasta de cipó mastigado. Os cientistas destacaram que este é o primeiro caso documentado de tratamento ativo de feridas por um animal selvagem utilizando uma planta biologicamente ativa, gerando insights valiosos sobre tratamentos de feridas humanas.

Essa impressionante descoberta resgata um conhecimento ancestral sobre a automedicação animal, presente em escritos de naturalistas da antiguidade como Aristóteles, Plínio, o Velho, entre outros. Relatos históricos revelam animais utilizando plantas para tratar doenças, repelir parasitas e curar feridas, fornecendo inspiração para a farmacopeia natural.

Aprender observando os animais

O hábito dos cães de comer grama quando doentes, descrito por Aristóteles, ou a observação de ursos buscando alho selvagem após a hibernação, evidenciam a conexão ancestral entre animais e plantas medicinais. A zoofarmacognosia, termo cunhado em 1987, destaca a importância do conhecimento animal na descoberta de novos medicamentos, com raízes profundas na história da medicina.

As narrativas antigas revelam a automedicação por cervos, elefantes, corvos e doninhas, que utilizam plantas como dictamo, oliveira e erva-doce para tratar diversas condições, desde feridas até intoxicações. A sabedoria dos animais, transmitida ao longo dos séculos, inspira estudos contemporâneos sobre os benefícios terapêuticos das plantas.

Farmacopeia da natureza

A automedicação animal se tornou uma disciplina científica em expansão, com observações de diversas espécies empregando substâncias medicinais de forma inteligente. A busca por compreender como os animais percebem as propriedades curativas das plantas e como esse conhecimento é transmitido permanece como um mistério fascinante.

Em um mundo onde a ciência e a natureza se entrelaçam, aprender com os animais se automedicando nos leva a novas descobertas e insights sobre a potencialidade terapêutica das plantas. A história do orangotango de Sumatra é um lembrete poderoso da sabedoria ancestral que nos rodeia, pronta para ser explorada e compreendida em benefício da saúde humana.

Por: Jornalista Especializado em Ciência


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