
Um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul revelou os impactos ambientais significativos provocados pelo cultivo de arroz irrigado no estado. De acordo com a análise, as transformações das várzeas inundadas para o uso de sistemas de irrigação por inundação e a drenagem de banhados são alguns dos principais problemas observados. Na Bacia do rio Gravataí, localizada no nordeste do estado, as atividades relacionadas à orizicultura ao longo dos anos resultaram em mudanças na dinâmica hidrológica do rio e nas áreas úmidas, gerando impactos ambientais relevantes. Além disso, a retirada de água para a irrigação do cultivo durante os meses de verão tem causado conflitos entre as demandas do setor agrícola e o abastecimento público.
O uso adequado das Áreas de Preservação Permanente (APPs) pode beneficiar a produção agrícola, conforme destacado em um documento da Embrapa sobre os serviços ecossistêmicos. Paisagens multifuncionais que garantem o fluxo de serviços ecossistêmicos entre áreas naturais e cultivadas são fundamentais para a sustentabilidade dos sistemas produtivos. Na agropecuária, a ciência tem buscado conciliar a preservação da mata nativa nas propriedades com a produção, promovendo o planejamento de paisagens agrícolas alternando lavouras e áreas preservadas da vegetação natural.
Em tempos de eventos climáticos extremos, a proteção das APPs se torna essencial para evitar novos desastres. Segundo o eco?logo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), permitir que o setor agrícola utilize a água das APPs durante períodos de escassez aumenta a competição por recursos hídricos, tornando-a mais escassa para a população que compartilha as mesmas bacias hidrográficas. Silva ressalta a necessidade de investir em estratégias diferentes, como a construção de sistemas de reservação de água, como açudes, para os períodos de chuva, a fim de preservar as áreas de preservação.