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Matéria econômica tramita de um jeito, matérias chamadas de costume tramitam de outro. Qual é a base? Depende do tema. Nós estamos em um período em que a política não é mais a que era de 8, 10 anos atrás, está totalmente bipolarizada, fanatizada.
Jaques Wagner, líder do governo no Senado, na quarta (29)
Derrotas previstas
O governo já espera que o tema das saidinhas seja judicializado no STF. Derrota mais expressiva da terça, Lula já havia sido avisado de que perderia. Não à toa, quando o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) fez o anúncio do veto, a gestão usou os argumentos na base da constitucionalidade, indicando que o caso poderia acabar no Judiciário.
Em outra pauta de costume, mas neste caso também de economia, o governo não conseguiu impedir o avanço bolsonarista sobre a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Em dezembro, a Câmara aprovou dispositivos que impediam a União de financiar ações como cirurgias para mudança de sexo de crianças ou realização de abortos que não constam na legislação. Lula vetou. Na terça, os parlamentares derrubaram.
Já o veto de Bolsonaro à criminalização das fake news, mantido pelo Congresso, incomodou mais o governo. A gestão avaliou como uma derrota mais impactante porque é um assunto caro a Lula e à comunicação do governo, que atribui às desinformações parte da culpa dos problemas de popularidade. A votação, inclusive, acabou sob gritos de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”.
A votação da ‘taxa das comprinhas’ ficou no meio termo. No caso da taxação de compras de até US$ 50, aprovada simbolicamente, o governo conseguiu parte do que Lula pretendia. Lira queria a taxação de 60%; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também. O presidente queria vetar. 20%, como ficou decidido, foi a menor entre as taxas oferecidas.