Justiça condena ex-policial e advogada por obstrução no caso Marielle Franco: falsas informações atrasaram investigações por oito meses.
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Os réus foram condenados a quatro anos e meio de prisão em regime fechado. Um relatório da PF concluiu que Ferreirinha mentiu ao acusar o miliciano Orlando Curicica e o então vereador Marcello Siciliano de terem planejado o homicídio. A advogada Camila Nogueira foi considerada culpada por articular para que Ferreirinha prestasse as acusações, mesmo ciente de sua falsidade.
Segundo a PF, Ferreirinha, que já havia trabalhado como segurança de Curicica, sentiu medo de represálias após se desligar da milícia liderada por seu ex-chefe. Em depoimento à polícia, o ex-policial admitiu ter mentido durante as investigações, enquanto a advogada confessou ter participado do plano de obstrução.
Apesar das negativas dos réus durante o processo judicial, o juiz considerou que as provas apresentadas eram suficientes para condená-los. O caso está sob sigilo na Justiça, e as defesas de Ferreirinha e da advogada não foram localizadas para comentar sobre a sentença.
O assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes ocorreu em março de 2018, quando criminosos atiraram 13 vezes no veículo em que estavam. Desde 2023, a investigação está a cargo da Polícia Federal, que prendeu recentemente o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, por suspeita de envolvimento no crime.
Chiquinho e Domingos são apontados como mandantes do assassinato, tendo em vista que a atuação política de Marielle representava um obstáculo para seus negócios ilegais. Rivaldo Barbosa teria atuado para encobrir a autoria do crime. Todos os envolvidos estão detidos e respondem por homicídio e organização criminosa, aguardando julgamento no STF devido ao foro privilegiado de Chiquinho Brazão.
Além disso, outros suspeitos presos estão ligados às milícias, como Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, apontados como autor e condutor do veículo utilizado no crime, respectivamente. O ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel, também foi preso por suposto envolvimento no caso.
Finalmente, Edilson Barbosa dos Santos, proprietário do ferro-velho onde o veículo foi desmanchado, está sob custódia policial, acusado de interferir nas investigações. As prisões e desdobramentos do caso continuam a ser acompanhados de perto pela mídia e pela população.