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China se torna a maior compradora do agro brasileiro
Em um período de 20 anos, a China transformou-se na principal compradora dos produtos agrícolas brasileiros. De acordo com dados da Agrostat, em 2004 o país asiático representava 7,61% das exportações do setor brasileiro, enquanto os Estados Unidos respondiam por 14,75% e a União Europeia por 32,64%. No entanto, em 2023, a fatia chinesa aumentou significativamente, alcançando 36,17%, ao passo que a União Europeia caiu para 12,93% e os EUA para 5,9%.
A China consolidou-se como a principal compradora de soja proveniente da região do Matopiba. Em 2004, os quatro estados que compõem a região exportaram 2 milhões de toneladas do grão para a União Europeia e apenas 186 mil toneladas para a China. Contudo, em 2023, houve uma inversão nesse cenário, com 3 milhões de toneladas destinadas à Europa e 11,4 milhões de toneladas para a China, quase quatro vezes mais.
Uma das razões para a preferência da China como destino das exportações agrícolas brasileiras é a regulação mais branda em comparação com a União Europeia. Leis mais rígidas deste último bloco em relação a produtos como soja transgênica têm direcionado as vendas do agro brasileiro para o mercado chinês.
Agro cresce sob fraca regulação ambiental
Segundo o professor Vicente Eudes Lemos Alves, do instituto de geociências da Unicamp, a China consolidou-se como o maior comprador de produtos como soja, milho e algodão do Matopiba, devido às restrições ambientais e sociais impostas pelo mercado consumidor europeu. Além disso, a maior parte do desmatamento na região do Matopiba ocorre de forma legal, em virtude das leis de proteção mais fracas do bioma Cerrado, que compreende mais de 90% da área da região.