Robert Kagan: Um profeta incompreendido

O problema dos profetas é que nunca são escutados no seu tempo. Robert Kagan é um desses profetas que viu longe, mesmo quando seus ensaios pareciam hiperbólicos para muitos. Há 20 anos atrás, suas previsões sobre os dramas geopolíticos em 2024 – guerra na Europa, guerra no Oriente Médio, possível guerra no Pacífico – eram vistas com certo pedantismo intelectual. No entanto, hoje somos obrigados a reconhecer que Kagan tinha razão.

O mais recente ensaio de Kagan, “Rebellion: How Antiliberalism Is Tearing America Apart Again”, está gerando controvérsias e críticas, como era de se esperar. Kagan sempre foi alvo de debates e discordâncias, mas há um fundo de verdade em suas palavras.

Kagan argumenta que os Estados Unidos sempre tiveram duas culturas políticas distintas, uma liberal e outra antiliberal, que coexistem e se confrontam constantemente. A cultura política liberal, que triunfou na Revolução de 1776, buscava preservar direitos e liberdades individuais, enquanto a tradição antiliberal se opunha a esses ideais e mantinha hierarquias sociais e raciais.

A ascensão de Donald Trump é vista por Kagan como um reflexo da força dessa corrente antiliberal na sociedade americana. Ele antecipa uma possível dissolução civil após as eleições deste ano, independentemente do resultado. Se Trump vencer, a rebelião começará pelo topo, desafiando os pilares do liberalismo consagrados na Constituição americana.

Em novembro deste ano, saberemos se as previsões de Kagan se confirmarão, e se os Estados Unidos enfrentarão uma crise de proporções históricas. Resta aguardar e refletir sobre o futuro de uma nação dividida.