Resgate de lideranças femininas no livro “Sultanas Esquecidas”
O livro “Sultanas Esquecidas”, da escritora marroquina Fatima Mernissi, tem se destacado como uma importante obra para o estudo da mulher no islã. Publicado em 1990, o livro apresenta exemplos inspiradores de lideranças femininas historicamente ignoradas em seus países, como Aicha, uma das esposas do profeta Maomé, e Chajarar al-Durr, uma figura crucial no século 13.
Autora de outras obras influentes, Mernissi é uma das vozes fundamentais para o feminismo islâmico. Seu trabalho traz uma perspectiva inovadora ao recorrer ao Alcorão e aos ensinamentos de Maomé para defender os direitos das mulheres. No entanto, apesar de sua importância, a obra de Mernissi ainda é pouco conhecida no Brasil, o que ressalta a necessidade de mais traduções e estudos sobre o tema.
Por meio de “Sultanas Esquecidas”, Mernissi desafia visões preconceituosas e apresenta um novo olhar sobre o papel das mulheres no islã. O livro não apenas resgata figuras históricas esquecidas, mas também questiona interpretações tradicionais da religião, destacando o potencial de empoderamento feminino presentes desde os primórdios do islã.
Com a recente tradução para o português pela editora Tabla, a obra de Mernissi ganha espaço entre leitores brasileiros. A atuação de pensadoras como Mernissi é essencial para desconstruir estereótipos e ampliar o debate sobre gênero e religião, especialmente em um contexto de crescente islamofobia.
Para Francirosy Campos Barbosa, professora da USP e especialista em islã e gênero, é crucial reconhecer a importância do trabalho de autoras como Mernissi para promover uma visão mais justa e plural do islã. Através da contextualização histórica e da interpretação dos textos sagrados, Mernissi evidencia a complexidade e diversidade da religião, desafiando discursos simplistas e preconceituosos.
Em um cenário ainda marcado pela escassez de traduções e estudos sobre o islã, a obra de Mernissi se destaca como um farol de conhecimento e reflexão, convidando os leitores a enxergarem além dos estereótipos e a explorarem as múltiplas facetas do feminismo islâmico.
