
Ao longo de 2023, problemas nas safras dos Estados Unidos e da Espanha já haviam pressionado os preços. Agora, a mais recente disparada tem origem no Brasil, aponta Klaus Heitlinger, diretor da Associação da Indústria Alemã de Sucos de Frutas.
O Brasil é o maior exportador de laranjas do mundo, respondendo por 80% do mercado global da fruta.
Clima atípico e doença
A produção brasileira se concentra no chamado “cinturão citrícola”, formado por São Paulo e triângulo/sudoeste de Minas Gerais. A safra de 2023/2024 no cinturão já havia sido 2,22% menor em comparação com a temporada anterior, mas, agora, a previsão para 2024/2025 é substancialmente pior. Segundo projeção da brasileira Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a safra de 2024/2025 deve ter uma queda de 24,3% em relação à safra anterior. Com uma previsão de 232,38 milhões de caixas de 40,8 quilos, a próxima safra brasileira pode ser a pior desde 1988/1989.
O estoque de suco de laranja do Brasil também já havia atingido no ano passado o segundo menor volume dos últimos 13 anos. Em março, o mercado brasileiro de laranja já tinha registrado o maior preço real em 30 anos, com a caixa da fruta saindo por cerca de R$ 100 em algumas regiões de São Paulo. Por causa da dominância do Brasil no setor, não há concorrentes da mesma escala para compensar o potencial déficit mundial de laranjas.
Segundo especialistas do setor, a queda na produção no Brasil ocorre por uma combinação de temperaturas atípicas e a incidência da “doença do dragão amarelo”, ou greening, uma doença bacteriana que ataca os pomares e que foi detectada pela primeira vez no Brasil há 20 anos. A combinação climática e a doença já haviam afetado safras dos Estados Unidos, outro grande produtor mundial. Em 2022/2023, a safra de laranja nos EUA foi a pior já registrada em 86 anos. Na Espanha, a maior produtora de laranja da UE, secas prolongadas castigaram as últimas colheitas.