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Da cordialidade à deboche: a transformação de Haddad reflete o ambiente de desrespeito e zombaria no Parlamento bolsonarista




Transformações no Parlamento brasileiro

A transformação do Haddad cordial e discreto no Haddad debochado e irônico à la Dino diz pouco sobre o ministro da Fazenda e mais sobre o ambiente que o Parlamento se tornou.

Enquanto houver bolsonaristas no Congresso, não esperem embates razoáveis, técnicos ou mesmo provocações com algum limite. O bolsonarismo transformou o deboche, o desrespeito, a zombaria e os palavrões em linguagem comum.

É o arquétipo do deputado que diz que não “estupraria” uma colega de Parlamento de partido opositor porque ela “não merecia” porque era “muito feia”.

O mesmo que faz questão de saudar um oficial torturador na ditadura militar, no plenário, no microfone. O filho deste mesmo parlamentar disse, em 2022, ter “pena da cobra” que foi usada para torturar uma jornalista durante a ditadura.

Se este é o arquétipo — a desumanização, a ridicularização, a escolha pelas expressões mais violentas — como você imaginaria que poderia ser diferente a “linguagem corrente” do Parlamento mais conservador/extremista da história?

Se já estamos familiarizados com o fato de o bolsonarismo ter empurrado o Brasil para uma crise que “também é estética”, eu diria que, tristemente, a crise é também “linguística”. O bolsonarismo introduziu e naturalizou a violência no Parlamento.

A atual postura dos parlamentares no Brasil, especialmente os bolsonaristas, reflete não apenas um embate político, mas uma mudança profunda na forma como as discussões são conduzidas. O deboche, o desrespeito e a violência verbal se tornaram comuns, mostrando a falta de limites e a brutalidade que agora permeiam o ambiente parlamentar. Exemplos como a apologia à tortura e os ataques pessoais evidenciam a desumanização e a banalização da violência, transformando o Congresso em um espaço onde a barbárie impera.

A chegada do bolsonarismo ao poder não apenas acirrou as divergências ideológicas, mas também introduziu um novo padrão de linguagem e conduta no Parlamento. A crise que o país enfrenta vai além do aspecto político e econômico, atingindo também o âmbito ético e moral. A normalização da violência e da falta de respeito revela a urgência de uma reflexão sobre os limites do discurso público e o papel dos legisladores na construção de um ambiente mais democrático e civilizado.


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