Análise das relações entre Brasil e EUA ao longo das últimas décadas

A busca do Brasil por projeção global desde os anos 2000 tem gerado tensões frequentes com o governo dos Estados Unidos, em um momento em que a hegemonia americana está em cheque devido a crises econômicas e geopolíticas recentes.

Segundo Nicholas Zimmerman, diretor do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca durante a presidência de Barack Obama, a ideia de alinhamento total de Brasília com Washington não é uma exigência dos EUA, pois mesmo governos anteriores mantiveram relações pragmáticas, apesar de diferenças. Zimmerman destaca que a relação entre Brasil e EUA enfrentou desafios durante as crises do acordo nuclear com o Irã e a espionagem de Dilma Rousseff.

Guilherme Casarões, cientista político, ressalta que a relação entre Lula e Obama foi conturbada, envolvendo questões como a Guerra ao Terror e a expansão da influência brasileira na América Latina. A crise financeira de 2007-2008 e a mediação do Brasil no acordo nuclear com o Irã complicaram ainda mais o cenário, evidenciando divergências na política externa dos dois países.

Com a chegada de Jair Bolsonaro, houve uma mudança drástica na política externa brasileira, com um alinhamento total aos EUA de Donald Trump. Essa postura gerou debate sobre a influência ideológica na relação bilateral, com foco em valores transnacionais.

Atualmente, apesar de interesses comuns entre Joe Biden e Lula, como transição energética e combate à extrema direita, a relação entre Brasil e EUA ainda enfrenta obstáculos. A busca do Brasil por independência em suas ações, especialmente em crises globais como a da Ucrânia e Gaza, mantém a assimetria na relação.

Em resumo, a dinâmica das relações Brasil-EUA reflete a busca do Brasil por projeção global, as mudanças políticas nos governos de ambos os países e os desafios de construir uma parceria equilibrada em um cenário internacional complexo e dinâmico.