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Tragédias climáticas reforçam a necessidade de imposto mínimo para bilionários, diz economista Gabriel Zucman em relatório para o G20.




Proposta de taxação global de super-ricos

O economista francês Gabriel Zucman defende imposto mínimo para bilionários

No cenário atual de tragédias climáticas, como as enchentes no Rio Grande do Sul, a necessidade de um imposto mínimo para os super-ricos se torna ainda mais evidente. Gabriel Zucman, economista francês de 37 anos, está elaborando um relatório para o governo do Brasil sobre a taxação global de bilionários, a pedido do G20.

Em entrevista à Folha, Zucman ressaltou a importância de obter recursos dos atores econômicos que possuem o maior déficit de taxação, ou seja, os super-ricos. Ele propõe um imposto de 2% sobre o patrimônio dos cerca de 3.000 bilionários globais, que geraria uma receita estimada em US$250 bilhões.

Além disso, Zucman destacou os avanços conquistados desde a reunião do G20 em São Paulo, ressaltando o apoio de diversos países à proposta brasileira. Mesmo com a resistência dos Estados Unidos, Zucman acredita que a coalizão formada por países do Sul Global, Europa, G7 e G20 pode impulsionar a agenda da taxação dos super-ricos.

Posição dos EUA e desafios do imposto mínimo

Apesar da resistência dos EUA em relação à redistribuição internacional das receitas do imposto, Zucman enfatiza que a proposta conta com o apoio de várias nações. Ele destaca o papel do presidente Biden, cujo orçamento prevê um imposto de renda para bilionários semelhante ao discutido no G20.

Zucman também aborda a importância de tratar desse tema no âmbito internacional, evitando que alguns países se tornem paraísos fiscais para os super-ricos e empresas. Ele defende que a cooperação internacional é fundamental para garantir a eficácia da taxação dos bilionários.

Questionado sobre a legitimidade do Brasil em propor essa agenda, Zucman ressalta que o esforço internacional apoia a agenda doméstica de reforma tributária. Ele acredita que a proposta de taxação dos super-ricos pode impulsionar mudanças nos sistemas fiscais de vários países, não apenas do Brasil.

Conclusões do relatório e impacto na luta contra as mudanças climáticas

O relatório de Zucman aborda os desafios para implementação do imposto mínimo, incluindo a medição da riqueza, combate à evasão fiscal e a coordenação entre os países. Ele destaca que a proposta de um imposto mínimo sobre a riqueza dos bilionários é a mais eficaz para enfrentar a falta de taxação dos super-ricos.

Zucman acredita que a taxação dos super-ricos pode ser uma importante fonte de recursos para enfrentar as mudanças climáticas, citando a tragédia no Rio Grande do Sul como exemplo da urgência em obter recursos de forma justa dos mais ricos.

Raio-X: Gabriel Zucman

Gabriel Zucman, 37
Economista francês, diretor do Observatório Fiscal da UE e professor associado na Universidade da Califórnia (Berkeley). Recebeu a medalha John-Bates Clarke em 2023 por seu trabalho sobre evasão fiscal e desigualdade de riqueza. Proposta a ser apresentada no G20 tem ambição de servir como roteiro para um imposto mínimo global sobre os super-ricos


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