DestaqueUOL

TSE rejeita cassação de Moro em julgamento técnico e independente; ex-ministro comenta reação e especulações sobre decisão do STJ.

Decisões Polêmicas no Âmbito Judiciário


Dado que ninguém sabia como iria votar cada ministro, não passa de especulação afirmar que este ou aquele decidiram mudar de ideia para, digamos, amenizar o climão com os senadores. Uma coisa é certa: pressão para a condenação não havia. De lado nenhum. Lula, por exemplo, que tem todas as razões do mundo par execrar Moro, ignorou a questão quase com solenidade. E há quem tenha dito que o presidente chegou mesmo a considerar que essa questão causava um ruído que não interessava ao governo. Uma cassação ensejaria uma nova eleição, e a emenda poderia sair tão ruim como o soneto. Ou até pior.


REAÇÃO DE MORO
Vale comentar a reação de Moro. Escreveu no X: “Os boatos sobre a cassação de meu mandato foram exagerados. Em julgamento unânime, técnico e independente, o TSE rejeitou as ações que buscavam, com mentiras e falsidades, a cassação do meu mandato. Foram respeitadas a soberania popular e os votos de quase dois milhões de paranaenses. No Senado, casa legislativa que integro com orgulho, continuarei honrando a confiança dos meus eleitores e defendendo os interesses do Paraná e do Brasil.”


O cara que se tonou um notório “sommelier” de decisões judiciais considera que estas são “técnicas e independentes” quando o beneficiam. Mais: o TSE não rejeitou o recurso em razão de supostas “mentiras e falsidades”. Levou pito de Azevedo Marques e Cármen Lúcia, por exemplo. O que se considerou é que não havia evidência forte o bastante que justificasse a cassação.


Mais: quando o TSE condena alguém ou lhe cassa o mandato, não está agredindo a soberania popular. Ao contrário: o que se considera é que essa soberania foi maculada por alguma malandragem. Fosse como diz Moro, as condenações na Corte Eleitoral constituiriam sempre uma agressão à vontade do eleitorado. Cobrar de tal figura que entenda a natureza da Justiça corresponde a lhe pedir que vá muito além do que está equipado para perceber.


JOSÉ DIRCEU
Por três votos a dois, a Segunda Turma do Supremo julgou extinta uma ação contra o ex-ministro José Dirceu, condenado na 13ª Vara Federal de Curitiba — cujo titular era Moro — por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No STJ, ele já havia se livrado da segunda imputação, mas restava a primeira. Não houve julgamento de mérito. A maioria — Ricardo Lewandowski (hoje ministro da Justiça), Gilmar Mendes e Nunes Marques — entendeu que o crime estava prescrito. Ficaram vencidos Edson Fachin e Cármen Lúcia.


Rapidamente: a prescrição para corrupção passiva é de 12 anos. Quando o acusado tem mais de 70, cai para a metade: seis. O suposto crime teria sido cometido em 2009, mas a denúncia só foi aceita em 2016 — além, pois, dos seis anos. Será que, também nesse caso, Moro diria que se fez um julgamento “técnico e independente”?

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo