
Israel e as práticas de tortura no século XXI
O livro “Khirbet Khizeh”, escrito por S. Yizhar, narra de forma ficcional a expulsão dos palestinos de seu povoado pelas forças do proto-Estado judeu durante a guerra de 1948. Publicado no ano seguinte, a história do remorso do jovem soldado narrador, que atira e depois chora pelo cumprimento da ordem de remoção dos habitantes, é um mito nacional em Israel. No entanto, a realidade atual mostra um cenário diferente, onde tortura e violação dos direitos humanos são praticados por um governo controlado por extremistas.
A prática de tortura não é novidade na região da Terra Santa. Agentes israelenses torturam prisioneiros palestinos, assim como policiais da Autoridade Palestina torturam prisioneiros do Hamas e vice-versa, especialmente na Cisjordânia e em Gaza. No entanto, o que chama atenção é a motivação por trás desses atos desumanos.
Uma investigação da CNN revelou um centro de detenção na base militar de Sde Teiman, tratado como uma espécie de Guantánamo do deserto do Neguev. Os prisioneiros são submetidos a condições desumanas, como ambientes sujos, restrições de movimento, ausência de comunicação, abusos e maus-tratos. No local, o direito humanitário e as convenções internacionais são ignorados, evidenciando um comportamento de vingança por parte dos torturadores.
O soldado do livro de Yizhar enfrenta um dilema ético ao cumprir ordens cruéis, revelando a humanidade de suas vítimas. No entanto, a situação atual reflete uma realidade distinta, onde a prática da tortura é justificada por motivos de retaliação. Neste contexto, figuras como Amos Oz defendem a necessidade da paz entre dois Estados como solução.
A obra “Khirbet Khizeh” é parte do currículo escolar em Israel e inspirou uma série de TV, reforçando a importância da memória histórica. No entanto, mesmo diante do passado, as práticas desumanas e as violações de direitos em locais como Sde Teiman e Gaza revelam um caminho oposto ao da reconciliação e da paz duradoura na região.
É preciso repensar a abordagem do governo israelense, sob o comando de Netanyahu, e buscar uma solução que respeite a dignidade e os direitos de todas as pessoas envolvidas no conflito. A paz em dois Estados continua sendo uma aspiração crucial para judeus e árabes na Palestina.
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