DestaqueUOL

Influencer cearense anuncia ‘cura’ da transgeneridade e se converte, gerando polêmica e apoio em redes sociais






Reportagem sobre Conversão Religiosa

“Jesus me curou, ele pode fazer o mesmo por você”, diz o influencer cearense Carlos Emanuell, 20, em um vídeo publicado em seu perfil no TikTok, onde possui 4,3 milhões de seguidores. A “doença” do jovem seria a transgeneridade. Até abril de 2023, Carlos era conhecido como Catty.

Naquele mês, ele — já famoso pela produção de memes — anunciou a retirada da prótese mamária, a mudança de nome e a conversão à religião evangélica. Posteriormente, começou a compartilhar conteúdos sobre seu processo de transformação.

Carlos relatou ter recebido um chamado para viver conforme a vontade divina, afirmando que “Deus falou comigo e perguntou quando eu voltaria para Ele”. Ele acrescentou: “Eu não nasci um homossexual ou uma mulher trans, eu escolhi ser e viver naquela ignorância”.

Vários comentários foram escritos tanto em apoio a seu discurso quanto em deboche, referindo-se à situação como promoção da “cura gay”, termo comumente utilizado para descrever tentativas de conversão de pessoas LGBTQIA+ à heteronormatividade.

Algumas instituições e grupos de apoio defendem que a liberdade religiosa lhes dá o direito de ajudar indivíduos que desejam mudar sua identidade ou orientação sexual, utilizando métodos controversos como terapias de aversão química, elétrica e até exorcismo, mesmo que tais práticas sejam proibidas no Brasil desde 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia.

No entanto, em 2017, a Justiça Federal do Distrito Federal concedeu uma liminar permitindo a psicólogos tratar pessoas LGBTQIA+ como doentes, em resposta a um pedido de profissionais cristãos que exploraram uma brecha deixada pela OMS, apesar da revogação da recomendação em 2019.

Celebridades da conversão

Caleb Rinavi, 39, é um exemplo de conversão, tornou-se pastor e influencia milhares de pessoas nas redes sociais, contando com 19 mil seguidores apenas no Instagram. Em um testemunho, ele relata ter renunciado à prática homossexual e sua transformação após uma experiência espiritual.

Já Heloisa Helena Gama Alves, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB-SP, destaca a falta de legislação específica que proíba esse tipo de conteúdo, alertando sobre crimes de LGBTfobia que podem ser configurados dependendo da agressividade do discurso.

Violência contra LGBTs

Em 2023, pelo menos 230 pessoas LGBTs foram vítimas de violência no Brasil, com uma média de um óbito a cada 38 horas, segundo dados do Observatório de Mortes e Violências LGBTI+. A ausência de dados governamentais destaca a importância de fontes alternativas de informação para o acompanhamento desses casos.

Das vítimas, a maioria eram mulheres trans/travestis, seguidas por homens gays, homens trans, lésbicas e indivíduos não binários, evidenciando a necessidade de políticas efetivas de proteção e combate à violência voltadas para a comunidade LGBTI+.


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo