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Brasileiros conscientes sobre mudanças climáticas, mas divididos sobre suas causas, revela pesquisa do CGEE.

A última pesquisa de opinião sobre a percepção pública da ciência e tecnologia (C&T) no Brasil revelou dados interessantes sobre como a população brasileira enxerga as mudanças climáticas e a importância da ciência em suas vidas. De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), 95,4% dos entrevistados afirmaram ter consciência de que as mudanças climáticas estão ocorrendo, enquanto apenas 3,5% disseram não ter essa consciência. A pesquisa, realizada em novembro e dezembro do ano passado, entrevistou 1.931 pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do país.

No entanto, apesar da consciência da população sobre as mudanças climáticas, há divergências quanto às razões por trás desses fenômenos. Enquanto 78,2% dos entrevistados acreditam que as transformações no clima são causadas pela ação humana, 19,6% acham que são naturais, sem intervenção do homem. Além disso, a percepção da gravidade das mudanças climáticas também varia: 60,5% consideram um “grave perigo para as pessoas no Brasil”, enquanto 11,8% acreditam que as mudanças não representam perigo.

Em relação ao interesse pela ciência e tecnologia, a pesquisa revelou que 60,3% dos entrevistados demonstram interesse nesse tema, mesmo que em menor proporção do que em áreas como medicina e saúde (77,9%) e meio ambiente (76,2%). O interesse por política foi o único que apresentou crescimento significativo nas últimas edições da pesquisa, passando de 23,2% em 2019 para 32,6% em 2023.

A pesquisa também apontou para desigualdades no acesso ao conhecimento científico, com diferenças de interesse relacionadas à região de moradia, idade, renda e participação política dos entrevistados. Para Yurij Castelfranchi, professor associado da UFMG, os resultados indicam a existência de “exilados da cidadania científica” no Brasil, apesar da maioria achar a ciência relevante e defender o aumento ou manutenção dos investimentos em pesquisa.

Outro ponto destacado na pesquisa foi a questão da desinformação, com metade dos entrevistados dizendo que se deparam frequentemente com notícias falsas. A maioria (61,8%) afirmou nunca compartilhar informações não verificadas, mas 36,5% admitem já ter compartilhado informações falsas.

No geral, a pesquisa revela um panorama complexo da relação da população brasileira com a ciência e tecnologia, indicando áreas de melhoria na comunicação científica e no combate à desinformação. Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis para consulta na página do CGEE na internet.

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