
Apesar dos esforços estéticos, as feridas do passado continuam abertas e fedendo. O apoio e a anuência de membros das Forças Armadas à tentativa de golpe de 8 de janeiro trazem à tona questões que insistem em não ser esquecidas. O Estado, que deveria proteger sua população, muitas vezes acaba executando uma política de limpeza social, deixando marcas profundas na história do país.
Lidamos com um passado que não fez as pazes com o presente, e isso se reflete nas ações diárias do Estado, que aterroriza e reprime parte da população, muitas vezes a mais vulnerável, com a anuência de uma elite mais privilegiada. A ditadura não é apenas um capítulo distante, mas está presente em ações violentas realizadas em nome da ordem e do progresso.
A revivência da ditadura não se limita a manifestações políticas ou tentativas de cerceamento da liberdade de expressão. Ela se torna palpável quando vidas são ceifadas pela violência do Estado, especialmente nas periferias das grandes cidades e no campo, onde táticas de repressão da era ditatorial ainda encontram eco.
É importante destacar que as Forças Armadas de hoje possuem herdeiros daquele período sombrio da história brasileira. As polícias militares, muitas vezes alinhadas a ideologias extremistas, representam um desafio na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. É preciso olhar para dentro das instituições e promover mudanças efetivas.
A falta de autocrítica dos militares em relação aos acontecimentos de 1964 contribui para a manutenção de um cenário de divisão e conflito. Enquanto parte da sociedade cobra posicionamentos políticos, a necessidade de uma reflexão profunda sobre o passado se faz urgente para evitar que episódios sombrios se repitam no presente.