Operação da Polícia Federal investiga suspeita de espionagens ilegais na Agência Brasileira de Inteligência
Publicado em 30 de novembro de 2023
Fonte: O Estado de S. Paulo
A Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar suspeitas de espionagens ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro. Um dos alvos da operação é o advogado Ricardo Wright Minussi Macedo, que é acusado de elaborar um relatório apócrifo que vincula ministros do Supremo Tribunal Federal ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ricardo Wright, que atua como assessor parlamentar do senador Alan Rick, um aliado do ex-presidente Bolsonaro, foi apontado pela PF como autor do relatório em questão. O advogado é citado no despacho do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que autorizou a Operação Vigilância Aproximada. Segundo os investigadores, o relatório busca relacionar os ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, ao PCC, e circulou em grupos bolsonaristas.
De acordo com a PF, durante o governo anterior, foi montada uma “estrutura paralela” na agência de inteligência para monitorar adversários de Bolsonaro e favorecer seus filhos. A corporação destacou que as ações tinham um viés político e representam um evento de instrumentalização da Abin.
Ricardo Wright é um funcionário comissionado do gabinete de Alan Rick. Ele foi nomeado pelo senador e já trabalhava para Rick desde junho de 2021, quando o parlamentar era deputado federal. Além disso, o advogado representou o senador em pelo menos cinco processos judiciais.
Em resposta, a assessoria de Alan Rick afirmou que o senador não tem gerência sobre as atividades privadas dos servidores. Rick disse confiar na Justiça e acredita que as investigações demonstrarão que a menção ao nome de Ricardo Wright é um mal-entendido. Até o momento, o advogado não se manifestou sobre o assunto.
Após dois mandatos como deputado federal, Alan Rick foi eleito senador em 2022. Ele também é jornalista, apresentador de TV e pastor evangélico. No início do ano passado, teve suas contas nas redes sociais bloqueadas sob suspeita de apoiar os atos do 8 de Janeiro, mas o acesso foi liberado posteriormente por decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
