
O Ministério da Defesa solicitou à Casa Civil uma verba de R$ 993 mil por dia para sustentar as operações de retirada do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. O pedido ocorreu em setembro de 2023 e visa complementar os fundos já liberados pelo governo para essa finalidade. Conforme revelado pela Folha de S.Paulo, o Ministério da Defesa afirmou que o orçamento atual tem sido insuficiente, o que levou à solicitação de mais recursos para as Forças Armadas.
Em resposta ao apelo do Ministério da Defesa, o governo anunciou um aporte financeiro de mais de R$ 1,2 bilhão para auxiliar nas operações de combate ao garimpo ilegal e assistência humanitária na região. No entanto, o pedido de verba diária permanece pendente de aprovação pela Casa Civil.
Além do patrulhamento contra garimpeiros ilegais, a comunidade Yanomami enfrenta uma grave crise humanitária, o que motivou a Força Aérea Brasileira (FAB) a iniciar a distribuição de cestas básicas na região como parte da Operação Catriamani. A previsão é que sejam distribuídos 15 mil kits até o fim de março, para atender as necessidades da comunidade.
Apesar da mobilização das Forças Armadas e da FAB, o fornecimento de auxílio à comunidade Yanomami ainda enfrenta desafios. Segundo informações do próprio governo, o transporte de cestas básicas para a região é limitado, o que dificulta o atendimento às necessidades humanitárias da comunidade. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) estima que seriam necessárias 9 mil unidades mensais de cestas básicas para combater a desnutrição entre os Yanomami, um número bem acima do que as Forças Armadas afirmam poder transportar.
Desde o governo anterior, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou a desintrusão do garimpo nas terras Yanomami, uma decisão que ainda não foi totalmente cumprida. Mesmo com a promessa de operações na região, a crise persiste, levantando questionamentos sobre a atuação efetiva das Forças Armadas. Uma crítica recente apontou para a indisponibilidade de voos para ministros visitarem o local, o que também tem impacto nas ações de assistência humanitária.
Diante das críticas, o ministro da Defesa, José Múcio, negou as acusações de indisponibilidade e ressaltou que o diálogo interministerial já está em andamento. Ele enfatizou as limitações enfrentadas pelas Forças Armadas, ressaltando que o número de aeronaves disponíveis tem se mantido inalterado, enquanto as demandas por ações aumentaram, incluindo as operações na região Yanomami.
Segundo dados do próprio Ministério da Defesa, nos últimos 12 meses, as Forças Armadas entregaram 36,6 mil cestas de alimentos aos Yanomami. No total, o governo federal distribuiu 58,4 mil cestas, sendo 47,1 mil em Roraima e 11,5 mil no Amazonas, evidenciando a magnitude das operações que estão em curso na região.
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