40 Anos de Luta Pela Terra: O Crescimento e os Desafios do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra

Nesse contexto, em 22 de janeiro de 1984, na cidade de Cascavel, no Paraná, ocorreu o 1º Encontro Nacional dos Sem Terra, reunindo camponeses, pequenos agricultores, posseiros e excluídos rurais. Esse evento marcou a fundação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o maior movimento social pela distribuição de terras do Brasil.
Ao longo dos 40 anos de existência, o MST ampliou suas lutas, passando a abranger não apenas a questão da distribuição de terras, mas também a busca por educação, saúde e condições dignas de vida no campo. Segundo o professor Sérgio Sauer, pesquisador sobre a questão agrária no país, a garantia de vida no campo passa pelo acesso à terra com dignidade, acesso a crédito, assistência técnica, condições saudáveis de produção e menos violência.
No entanto, a violência ainda persiste, com 70 mortes em conflitos agrários somente em 2022, conforme dados da Comissão Pastoral da Terra. Essa impunidade tem contribuído para a manutenção dessa violência, segundo Sérgio Sauer.
A integrante da Direção Nacional do MST, Ceres Hadich, destaca que a violência e a repressão por parte do agronegócio continuam sendo uma estratégia para impedir a ação da organização popular. Ela também ressalta que a reforma agrária continua sendo uma demanda social frente às desigualdades existentes no campo.
Apesar dos desafios, o MST cresceu e se organizou em 1900 associações, 185 cooperativas e 120 agroindústrias para produzir e comercializar os produtos da reforma agrária. Segundo Ceres Hadich, o MST amadureceu e adaptou seus instrumentos de luta ao longo dos anos, mantendo seus princípios e objetivos.
Atualmente, o MST está presente em 24 estados, com 400 mil famílias assentadas e 70 mil acampadas, demonstrando sua relevância e impacto na luta pela reforma agrária no Brasil.