
Indígenas denunciam canteiros abertos e novas pistas
Indígenas denunciam canteiros abertos e novas pistas. “Eles sabem quando os voos estão passando, para onde estão indo e conseguem perceber uma mudança no padrão dos voos”, explica Estevão Senra, pesquisador do ISA. “Os indígenas brasileiros também trocam informações com os yanomamis venezuelanos.”
Pistas menores e maiores. Em território nacional, uma pista localizada na região do Alto Catrimani, norte de Roraima, foi identificada recentemente. “Foi uma estratégia que começou no final do primeiro semestre de 2023”, diz Senra. Em território venezuelano, uma pista maior foi identificada no Alto Orinoco. “Os garimpeiros estão intensificando as ações na cabeça do principal rio da Venezuela.”
Garimpeiros burlam bloqueios em rios. “Os garimpeiros vão tentando se adaptar para burlar a fiscalização. Isso já ocorria, mas o Ibama detectou um aumento do fluxo aéreo para driblar o bloqueio dos rios”, afirmou Jair Schmitt, diretor de Proteção Ambiental do Ibama. “Percebemos pela movimentação das aeronaves e por informações de inteligência.”
Estratégia “eficaz” contra a fiscalização. Segundo Alisson Marugal, procurador do Ministério Público Federal em Roraima, o garimpo tem uma alta capacidade de reorganização. “O governo não tem uma estratégia adequada para essas situações e exigimos um novo plano que contemple o enfrentamento dessa nova estratégia do garimpo.”
O governo, infelizmente, deixou de reformular o plano de desintrusão [retirada de garimpeiros] à luz dessas novas circunstâncias e por isso fomos à Justiça exigir um novo plano. Desde outubro, houve um arrefecimento preocupante [das operações], daí o retorno de garimpeiros, principalmente em áreas já desmatadas.
Alisson Marugal, procurador do MPF em Roraima
Como funcionam os hubs do garimpo
Aeronaves transportam maquinário, bombas para dragagem e alimentos. Os relatos e as imagens apontam que os aviões saem de pequenas pistas no território nacional carregadas de alimentos, equipamentos e até metais, como cassiterita. “Os aviões saem cedo, assim que amanhece, e vão até as pistas da fronteira. Lá, eles deixam os materiais e podem fazer viagens pelas proximidades para distribuí-los”, diz Senra.