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Rui Costa, governador da Bahia, questiona a eficácia da tecnologia em segurança pública, levantando polêmica sobre o terraplanismo.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, concedeu uma entrevista na segunda-feira (14) em que fez declarações polêmicas sobre as ONGs que publicam informações sobre segurança pública. Costa afirmou que não reconhece a credibilidade dessas organizações e comparou suas publicações a uma comparação equivocada entre uma melancia e um abacaxi.

Nesse contexto, é importante destacar que a ONG destacada por Costa é o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma instituição respeitada que produz o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, uma das principais fontes de dados na área. O Fórum Brasileiro ofereceu-se para discutir a questão com o ministro, mas até o momento não recebeu um retorno.

Os negacionistas geralmente recorrem a questionamentos que, à primeira vista, podem parecer razoáveis, mas que se mostram infundados. No caso do anuário, ele utiliza dados oficiais das secretarias e apresenta em detalhes a metodologia utilizada, além de empregar referências internacionais para garantir a qualidade das informações.

No entanto, é possível que o descontentamento do ministro não esteja relacionado à confiabilidade dos dados, mas sim a uma outra questão: Rui Costa foi governador da Bahia entre os anos de 2015 e 2022, período em que o número de mortes causadas pela polícia aumentou significativamente. Segundo os registros, em 2015 foram registradas 354 mortes, enquanto em 2022 esse número chegou a 1.464. Essa tendência de alta também é observada no DataSUS, onde a Bahia se destaca como o estado com maior número de mortes por “intervenção legal” desde 2019.

Vale ressaltar que a chacina de Cabula, ocorrida em 2015 e que teve a participação da Polícia Militar baiana, ainda não foi completamente esclarecida após oito anos. Na época, Rui Costa se posicionou de forma controversa ao comparar a situação a um jogador de futebol que decide rapidamente como fazer um gol. O caso segue sem um desfecho adequado até hoje.

Apesar das polêmicas, não há problema algum em o governo estabelecer padrões para a coleta e divulgação de dados sobre segurança pública, desde que isso promova maior transparência nas informações. Seria interessante também uma atuação mais efetiva do governo federal no controle das polícias, de forma a garantir o correto registro e investigação de casos de violência policial. Quando se está na mira do gol, não importa de onde vem o tiro.

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