Sociedade Brasileira de Imunizações critica pesquisa do CFM sobre obrigatoriedade da vacinação de crianças contra covid-19
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O CFM está conduzindo a pesquisa por meio de um formulário, com o objetivo de entender a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade. O conselho afirma que a opinião dos profissionais é fundamental para enriquecer a análise e contribuir para a tomada de decisões futuras.
A opinião da SBIm é de que, ao equiparar crenças pessoais à ciência, a pesquisa pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação. A entidade afirma que a pesquisa realizada pelo CFM não trará nenhum benefício à sociedade.
A SBIM destaca que a covid-19 foi responsável por 5.310 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e 135 mortes entre crianças menores de 5 anos no Brasil em 2023, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que reúne dados até novembro. Além disso, desde o início da pandemia, houve 2.103 casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), considerada uma manifestação tardia da covid-19, com 142 mortes.
Diante disso, a sociedade ressalta que a vacinação contra a covid-19 é uma estratégia comprovadamente eficaz e segura para a prevenção da doença, potencialmente fatal também entre crianças. A segurança da vacina é reforçada pelo último boletim de monitoramento de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação e à Imunização (Esavi) publicado pelo Ministério da Saúde. Segundo o documento, após a aplicação de mais de 47 milhões de doses em pessoas menores de 18 anos, a grande maioria dos eventos foram leves ou moderados, como dor de cabeça, febre, dor muscular e outras reações esperadas.
Além disso, a SBIM argumenta que o Brasil dispõe de pelo menos dois dispositivos legais que estabelecem a obrigatoriedade da vacinação de menores de 18 anos, os artigos 227 da Constituição Federal e 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina em parágrafo único que “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.
A Agência Brasil pediu um posicionamento ao CFM sobre as críticas e questionou por que a pesquisa está sendo realizada e como o conselho pretende divulgar e aproveitar o resultado. Até o fechamento desta reportagem, não houve retorno.