Uma crise tem se aprofundado no sistema privado de saúde, afetando diretamente o atendimento aos pacientes, em especial aqueles no espectro autista. Os planos de saúde alegam que os custos com tratamentos para autismo têm se tornado insustentáveis, gerando prejuízos para as empresas e resultando em restrições de atendimento. Como consequência, as reclamações dos clientes, que já eram significativas, têm aumentado, deixando pacientes desassistidos em determinadas situações.
De acordo com as operadoras de planos de saúde, os tratamentos relacionados ao autismo estão entre os que mais geram gastos para as empresas, ultrapassando até mesmo os custos com tratamentos de câncer, que historicamente representavam a principal fatia das despesas. No entanto, essa comparação tem sido criticada por famílias e associações de pacientes autistas, que contestam a forma como os custos são calculados.
Antes das mudanças regulatórias implementadas pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) em 2021, os gastos com tratamentos para o autismo representavam menos de 2% do total das despesas médicas das empresas. Atualmente, esse número subiu para 9%, após a ampliação da cobertura determinada pelo órgão regulador. Diante desse cenário, as operadoras de planos de saúde estão articulando uma proposta para alterar o rol de procedimentos liberados e restringir as terapias disponíveis.
Nessa terça-feira (9), o podcast Café da Manhã abordou a situação das pessoas autistas que dependem do atendimento privado, discutindo o impacto das mudanças regulatórias nos negócios dos planos de saúde e analisando os elementos que esse debate acrescenta à crise do setor de saúde suplementar. O episódio contou com a participação de Joana Cunha, repórter da Folha, trazendo uma visão aprofundada sobre a questão.
O Café da Manhã, disponibilizado no Spotify, é publicado diariamente no início do dia. O programa é apresentado pelas jornalistas Gabriela Mayer e Magê Flores, com produção de Carolina Moraes, Laila Mouallem e Victor Lacombe, e edição de som a cargo de Thomé Granemann e Laila Mouallem.
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