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Restauração do acervo histórico danificado por invasão no Congresso expõe desafios e cuidados dos conservadores







Restauração de Obras – Reflexo dos Ataques aos Poderes

No dia 8 de janeiro de 2012, um ovo de avestruz, presente dado ao Brasil pelo Sudão, se tornou alvo de vândalos durante a invasão às sedes dos Poderes. Anos depois, o ovo, em meio aos destroços espalhados entre a Câmara dos Deputados e o Senado, está prestes a retornar à galeria de presentes protocolares, marcando o saldo de destruição e a árdua tarefa de restaurar as obras que testemunharam o dia do ataque.

Restauradores como Joana Braga Paulino e Aline Rabello destacam a complexidade do processo de recuperação, ressaltando que as obras se tornaram testemunhas de um momento histórico irreversível. Cada parte restaurada e cada cicatriz evidenciada na matéria das obras representam não apenas seu valor original, mas também seu valor histórico. A decisão de mostrar os danos e marcas como parte da obra é uma forma de preservar o momento vivido, mantendo a história viva através das obras.

A restauração não se limitou ao ovo de avestruz, mas também envolveu fotos enviadas pelo fabricante de um vaso de porcelana doado pela Hungria, cujos pedaços ausentes serão deixados intencionalmente. Na Câmara dos Deputados, 54 dos 64 itens sujos ou danificados foram restaurados, com custos que podem chegar a R$ 1,4 milhão. Além disso, a busca por peças como a concha de ouro doada pelo Catar em 2019 e a maquete tátil do Congresso ainda continua.

No Senado, a restauração da pintura “Ato de Assinatura da Primeira Constituição” está orçada em R$ 800 mil. Os danos no histórico quadro e na tapeçaria de Burle Marx demonstram o horror vivido no dia 8 de janeiro, mas também ressaltam o trabalho incansável dos restauradores, muitas vezes em parceria com especialistas externos, para preservar a integridade das obras. A recuperação do patrimônio cultural brasileiro é um processo longo e dispendioso, mas essencial para manter viva a história e a memória do país.


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