DestaqueUOL

Mestre da Folia de Reis na Mangueira mantém tradição apesar de obstáculos e desinteresse dos mais jovens






Folia de Reis: uma tradição que resistiu ao tempo

Folia de Reis: uma tradição que resistiu ao tempo

Quando era criança, Hevalcy Ferreira da Silva fugia de casa nas noites de dezembro e janeiro. Ele fingia dormir, mas saía escondido da mãe para ir atrás da Folia de Reis do morro da Mangueira.

Aos 49 anos, ele é o mestre da Sagrada Família da Mangueira, único grupo de Folia de Reis em atividade na comunidade.

Origem católica presente no Brasil desde o século 18, a Folia de Reis narra, em forma de auto, a jornada bíblica do nascimento de Jesus e a viagem dos três reis magos –Melchior, Gaspar e Baltazar– para visitá-lo em Belém e presenteá-lo com ouro, incenso e mirra.

Desafios e resistência

As folias têm enfrentado os desafios do tempo e das mudanças culturais, como o desinteresse dos mais jovens e a violência das comunidades. Em 2022, Folia de Reis da favela Santa Marta, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, passou em frente a uma igreja local, onde enfrentaram intolerância religiosa por parte de um pastor que os desqualificou durante um culto.

Mesmo a violência da cidade tem sido um obstáculo. Ronaldo Silva, mestre do Penitentes, conta um episódio, ocorrido há quase uma década, em que seu grupo foi impedido de se apresentar na Rocinha, controlada à época por uma facção criminosa diferente do Santa Marta.

Esforços para manter a tradição

A federação que reúne os grupos da cidade do Rio de Janeiro já teve mais de uma centena de filiados, mas hoje são apenas 11. As folias que sobraram tentam modificar características para torná-la mais atraente aos mais novos, como o uso de roupas coloridas e batidas mais vibrantes e alegres.

Preservando a tradição

O envelhecimento e a morte de antigos mestres da Folia de Reis também contribuíram para a extinção de muitos grupos do Rio, mas mestres como Ronaldo Silva e Hevalcy Ferreira da Silva estão lutando para manter vivas as tradições que herdaram.

Recentemente, o grupo de Hevalcy conseguiu custear as apresentações com cerca de R$ 20 mil recebidos através da Lei Paulo Gustavo, destinada ao fomento do setor cultural. O governo do estado do Rio também realiza um edital anual que divide R$ 1,95 milhão para 130 mestres de todo o estado, auxiliando na preservação dessa importante manifestação cultural.

Em meio aos desafios, as folias resistem e buscam formas de manter viva essa tradição secular que faz parte da cultura brasileira. Mesmo diante das adversidades, os mestres e integrantes das folias continuam a luta para que as novas gerações possam apreciar e participar desse belo e importante legado cultural.

Fonte: Adaptado de [inserir a fonte original do texto]


Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo