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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está planejando sua primeira viagem internacional deste ano, e seu roteiro inclui visitas a Moçambique, Etiópia e Egito, previstas para a segunda quinzena de fevereiro. No entanto, especialistas apontam que a retomada das viagens oficiais é apenas um dos desafios que o Brasil enfrentará para se reaproximar do continente africano.
A expectativa é que Lula participe da abertura da cúpula da União Africana em Adis Abeba, capital da Etiópia, como líder do Brasil, que atualmente ocupa a presidência rotativa do G20. Além disso, está prevista uma parada no Cairo, Egito, embora todos os detalhes sobre a visita ainda estejam sendo confirmados, incluindo logística e agendas bilaterais.
Diversos especialistas e entusiastas da aproximação entre Brasil e África afirmam que é crucial que o Brasil apresente iniciativas concretas, tanto no âmbito governamental quanto no setor privado. Para isso, é necessário fortalecer o relacionamento com países e instituições africanas, além de proporcionar apoio financeiro e diplomático às empresas brasileiras que desejam investir na região.
A necessidade de uma nova estratégia
Apesar das expectativas, alguns diplomatas expressaram pessimismo sobre a falta de planejamento para a África no Itamaraty, bem como a necessidade de mudança no discurso do presidente sobre o continente. Argumentam que a narrativa de “dívida histórica” é ultrapassada e que o Brasil precisa apresentar uma abordagem mais pragmática e ousada para se reaproximar da África, considerando a importância econômica e geopolítica do continente.
Estima-se que até 2050, um quarto da população mundial será africana, e a região possui recursos minerais e potencial agrícola que são de interesse mútuo para o Brasil e África. No entanto, o Brasil ainda tem uma presença limitada na região em comparação com outros países, o que ressalta a necessidade de ampliar o apoio às empresas brasileiras que buscam expandir seus negócios na África.
Desafios e oportunidades
Além das questões econômicas, existem oportunidades de cooperação em áreas como esporte, com potencial para fortalecer os laços entre o Brasil e os países africanos. O empresário Paulo Pan, do grupo Beyond Africa, ressalta a paixão compartilhada pelo futebol como um meio diplomático para aproximar as nações e promover intercâmbio esportivo.
Recentemente, o Itamaraty anunciou a abertura de novas embaixadas e um consulado-geral no continente africano, mas alguns funcionários do órgão expressaram preocupação com a falta de recursos e pessoal em várias embaixadas africanas. No entanto, a iniciativa de expandir a presença diplomática do Brasil na África é vista como um passo positivo para fortalecer os laços bilaterais.