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BRT de Curitiba: 50 anos de sucesso e desafios para o transporte coletivo na capital paranaense




Artigo sobre o BRT de Curitiba

Na década de 1970, o ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner (1937-2021), introduziu o primeiro trecho de BRT (Bus Rapid Transit, em inglês) na cidade. Esse sistema consistia em cerca de 20 quilômetros de corredores exclusivos para ônibus de grande capacidade, conhecidos como canaletas.

A ideia evoluiu ao longo dos anos, e hoje o BRT de Curitiba conta com uma extensão de 84 quilômetros, tornando-se um exemplo bem-sucedido de transporte de massa. No entanto, apesar do progresso, a empresa responsável pelo transporte da cidade, Urbs, tem enfrentado dificuldades para solucionar problemas crônicos no sistema.

Alguns desses problemas são inerentes ao modelo, como o desconforto e a insegurança enfrentados pelos cobradores nas estações-tubo. Outros são comuns a cidades metropolitanas brasileiras, como o preço da passagem, o tempo de viagem e a superlotação em determinados horários.

Para o professor da UFPR Cassius Scarpin, a cidade tem focado nos avanços tecnológicos, como a introdução de ônibus elétricos e bilhetagem eletrônica, em detrimento de estudos sobre mudanças operacionais e demanda.

O professor defende que a tarifa seja proporcional ao trecho percorrido pelo usuário, afirmando que “Neste contexto, quando o preço da passagem é único, e não proporcional, o ônibus passa a não ser competitivo, principalmente para distâncias pequenas.”

Atualmente, o preço da passagem em Curitiba é de R$ 6,00, um dos mais altos entre as capitais brasileiras.

O presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto, justifica o valor, mencionando a integração do sistema de transporte com cidades vizinhas. Apesar disso, a empresa estuda a possibilidade de implementar a passagem proporcional.

Outros problemas apontados incluem a velocidade dos ônibus, os atrasos causados por semáforos e a superlotação nos horários de pico.

Apesar dos desafios, o BRT ainda é considerado um sistema relativamente barato em comparação com outras opções, como o metrô.

Entretanto, a falta de estudos aprofundados sobre a viabilidade futura do BRT tem sido questionada. O urbanista Carlos Hardt aponta a necessidade de um planejamento de longo prazo, afirmando que “Um sistema de transporte de alta capacidade exige planejamento de longo prazo. Não se faz na gestão de um único prefeito. E isso foi abandonado em Curitiba.”

A prefeitura tem investido na ampliação do chamado Ligeirão, uma modalidade mais rápida de BRT que para apenas nos terminais. No entanto, soluções para a superlotação nos horários de pico ainda não surtiram efeito, como o cartão pré-pago para utilização no período de menor movimento.

Além disso, o ambiente de trabalho dos cobradores também tem sido alvo de preocupação, com locais de trabalho que não oferecem condições adequadas durante o inverno e o verão.

Diante desses desafios, são necessários estudos e soluções efetivas para melhorar o sistema de transporte coletivo em Curitiba, garantindo um serviço eficiente e de qualidade para a população.


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