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Seca severa ameaça a vida amazônica às margens do rio Assuã







Condição preocupante na região amazônica

Às margens do rio Assuã, comunidade indígena enfrenta desafios diante de severa seca na Amazônia

A jornada da vida amazônica segue resiliente em meio a uma das secas mais severas dos últimos anos na região. O sol está mais quente, o clima mais seco e o vento traz o cheiro das queimadas em algum lugar não tão longe dali.

O igarapé da Anta, vizinho da comunidade, também sofre com os impactos da derrubada e da seca. A liderança indígena Mandeí Juma manifesta preocupação com a situação, afirmando que a saúde da população tem sido afetada pela quentura, fumaça e pela falta de água. Segundo Mandeí, tanto crianças como adultos têm adoecido mais e pegado doenças devido às condições climáticas.

Desafios climáticos dificultam a vida na Amazônia

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que o estado do Amazonas registrou 3.900 focos de queimadas somente no mês de outubro, a pior taxa dos últimos 25 anos. Além disso, pesquisa do Centro Científico da União Europeia indica os menores índices de chuva dos últimos 40 anos na bacia amazônica durante os meses de julho a setembro em 2023. Isso afetou negativamente os rios e a biodiversidade na região centro-sul do estado do Amazonas.

Comunidade enfrenta mudança climática e questões territoriais

Às margens do rio Assuã, a aldeia Juma, na região centro-sul do estado do Amazonas, está enfrentando impactos diretos da seca. “A gente vem enfrentando muito calor, e o rio tem ficado mais seco. Nunca chegamos a ver desse jeito. Já é dezembro e a água nem começou a encher, e já vem a preocupação grande”, diz Mayta Juma, vice-cacique do povo juma.

Principalmente para a comunidade indígena Juma, é evidente a preocupação com o avanço do desmatamento e das queimadas na região, afetando a subsistência, a saúde e o próprio território. O drama vivido pela população vai além das questões climáticas, contando também com histórico de violência e deslocamento.

Reassentamento e desafios futuros

Os jumas enfrentaram diversas dificuldades e desafios para voltar à sua terra após processo de reassentamento. A área, que ficou vulnerável à grilagem de terras, roubo de madeira, desmatamento e à entrada de pescadores e caçadores ilegais, viu a retomada do território pelos jumas somente em 2012.

Hoje, a comunidade enfrenta não apenas questões climáticas, mas também a pressão de grilagem, desmatamento e caça ilegal. A preocupação é com a subsistência, o futuro da aldeia e a preservação do território sagrado para as gerações futuras. Mayta Juma expressa seu temor em perder tudo o que é sagrado para o povo Juma, incluindo o território, o cemitério e a própria identidade da comunidade.

Esta reportagem é parte do Programa de Microbolsas Jornalismo Tapajós, parceria do Laboratório de Comunicação Amazônia, do Projeto Saúde e Alegria e da Folha para estimular a produção jornalística de jovens profissionais da Amazônia.


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