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CEO da NRA, principal lobby de armas dos EUA, renuncia dias antes de enfrentar julgamento por corrupção em Nova York.





CEO da Associação Nacional do Rifle anuncia renúncia

Por Redação Jornalística

Data: 05 de Janeiro de 2022

Wayne LaPierre, CEO da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), principal lobby de armas dos Estados Unidos, anunciou sua renúncia ao cargo nesta sexta-feira (5).

A decisão se dá dias antes daquele que se tornou a voz e o rosto da NRA nos últimos 30 anos enfrentar um julgamento por corrupção em Nova York. O processo de seleção do júri já começou, e as declarações iniciais estavam programadas para a semana que vem.

A decisão não foi motivada por um acordo com a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, autora da ação que o levou ao banco dos réus. Segundo o The Wall Street Journal, Andrew Arulanandam, porta-voz de longa data do líder do NRA, assumirá o posto de CEO interino a partir do afastamento efetivo de LaPierre, em 31 de janeiro.

“É com orgulho por tudo o que conquistamos que anuncio minha renúncia na NRA”, disse LaPierre em nota. “Fui membro desta organização por boa parte da minha vida adulta, e nunca deixarei de apoiá-la, assim como sua luta pela defesa da liberdade da Segunda Emenda [da Constituição americana, que garante aos cidadãos a posse e o porte de armas]. Minha paixão pela nossa causa arde tão profundamente quanto sempre.”

LaPierre revelou sua decisão durante uma reunião do conselho da NRA em Irving, no Texas. A entidade afirmou que seu agora ex-presidente “citou razões de saúde” ao justificar seu afastamento.

O episódio pode mudar o rumo do julgamento de La Pierre em Manhattan, já que a procuradora-geral de Nova York buscava justamente destitui-lo de sua posição, além de penalizar a ele e outros três réus financeiramente.

LaPierre teve um papel fundamental no lobby de armas no EUA. A última metade de sua gestão na NRA foi, porém, marcada por escândalos e turbulências internas.

James começou a investigar a entidade há quatro anos, após denúncias de que LaPierre estaria desviando verbas da organização para gastos pessoais. Em maio de 2004, por exemplo, ele teria faturado sob o nome da NRA uma compra de quase US$ 40 mil (R$ 195 mil na cotação atual) em uma loja do estilista italiano Ermenegildo Zegna em Beverly Hills, na Califórnia. Ainda teria gasto mais de US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) em destinos turísticos como Palm Beach, na Flórida, as Bahamas, no Caribe, e o Lago de Como, na Itália, em viagens que ele alega serem despesas comerciais legítimas.

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A NRA tem enfrentado dificuldades há alguns anos. Se em 2019 ela reunia quase 6 milhões de membros, hoje seus integrantes somam 4,2 milhões. Além disso, sua receita caiu 44% desde 2016 de acordo com auditorias internas, e seus gastos legais dispararam para dezenas de milhões de dólares por ano.

Ao mesmo tempo, LaPierre conseguiu tornar o movimento pelo direito à posse das armas um dos bastiões do Partido Republicano durante seus anos de liderança. Uma proibição temporária de armas de fogo de estilo militar promulgada no início de seu mandato seria inaceitável para os conservadores atuais, por exemplo.


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