Pesquisa da PUC-PR aponta ineficácia de alertas por SMS para desastres baseados em CEPs em áreas de risco socioeconômico.

Um estudo realizado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) constatou a ineficácia da emissão de alertas para eventos adversos e desastres por meio de mensagens de texto (SMS) utilizando Códigos de Endereçamento Postal (CEPs). A pesquisa faz parte da tese de doutorado do pesquisador Murilo Noli da Fonseca, do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana da instituição, e buscou compreender o sistema de alerta de eventos adversos e desastres no Brasil.
O estudo teve início em Curitiba, com o mapeamento das áreas com cadastros de celulares. O cruzamento dessas informações com as áreas de vulnerabilidade socioeconômica e ambiental indicou que o número de celulares cadastrados nessas áreas era muito baixo. Os pesquisadores constataram que a falta de regularização dessas áreas impede a existência de CEPs e, consequentemente, que as pessoas nessas regiões possam se cadastrar no sistema da Defesa Civil.
Além disso, o cadastramento do CEP é voluntário, o que limita a abrangência do sistema. Segundo Murilo, a falta de divulgação adequada da plataforma e a dificuldade de leitura das mensagens de texto por parte de moradores dessas áreas de risco também contribuem para a ineficácia do sistema de alertas.
Os dados coletados revelaram variação na conscientização e registro dos CEPs por região. Em Belo Horizonte, 14,38% dos celulares estavam cadastrados, dos quais 7,92% estavam registrados em áreas de risco. Já no Rio de Janeiro, apenas 10,72% dos celulares estavam cadastrados, com 3,49% deles em áreas de risco. Em Manaus, somente 2,6% dos celulares estavam cadastrados, com 2,05% em áreas de risco. E em Recife, 4% dos celulares estavam cadastrados, com 5,6% deles em áreas de risco.
Diante desses resultados, os pesquisadores pretendem ampliar o estudo para outras capitais e cidades de maior porte, além de mapear também cidades menores. Eles também estão tentando verificar e mapear pessoas que cadastraram o whatsapp para receber alertas, já que o Brasil é o único país que faz esse tipo de alerta pelo aplicativo.
Para Murilo, é importante aprimorar as formas de alerta para que a informação chegue às pessoas de maneira mais adequada e em tempo hábil. As entrevistas em comunidades devem contribuir para identificar essas formas mais eficazes de comunicação.