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Vila Sahy: moradores temem a demolição de 900 imóveis após desastre em carnaval de 2023

A derrubada das casas ainda assombra os moradores da Vila Sahy, situada no município de São Sebastião, no litoral norte paulista. O bairro foi duramente atingido pelo desastre do carnaval de 2023, quando 64 pessoas perderam a vida devido a deslizamentos provocados pelas chuvas. No entanto, o medo que assola as famílias nesta época do ano não vem apenas das recordações trágicas, mas também do projeto do governo estadual de demolir quase 900 imóveis no bairro, localizado a mais de 40 quilômetros de distância do centro urbano.

A possibilidade de verem suas casas serem derrubadas tem gerado apreensão entre os moradores. Delma Queiroz Batista, que vive na região há 30 anos e atua como empregada doméstica, está entre os possíveis removidos e teme perder os imóveis que construiu ao longo desse tempo. Com 58 anos e impossibilitada de trabalhar devido a uma doença degenerativa, ela teme perder o sustento conquistado com o aluguel de duas casas que construiu em seu terreno.

O governo estadual entrou com uma ação pedindo para demolir 893 imóveis na Vila Sahy. Em meio a protestos dos moradores, a procuradoria do estado recuou em relação à solicitação inicial e obteve uma liminar que autoriza a derrubada de 198 casas já desocupadas e de outras que estiverem em áreas de alto risco, desde que um laudo individual ateste essa condição.

A incerteza sobre o futuro ainda paira sobre a comunidade. A preocupação de Delma é compartilhada por outros moradores que vivenciaram a tragédia de 2023, a pior da história do país, com um volume recorde de chuvas. Em um momento em que as famílias buscam se recuperar do trauma, a perspectiva de perder suas casas é angustiante. A falta de transparência por parte das autoridades sobre os planos para evitar novos desastres ou o futuro da comunidade também tem causado revolta.

Diante do cenário de incertezas, a Defensoria Pública de São Paulo entrou com uma ação solicitando a indenização dos moradores da Vila Sahy. A promotoria e a defensoria exigem que a prefeitura pague danos morais e sociais, além de indenizações para as famílias que perderam entes queridos ou ficaram desalojadas em virtude da tragédia.

O governo do estado defende que a atuação na Vila Sahy tem como único objetivo garantir a segurança das pessoas e garante que todas as famílias que precisarem sair do bairro por estarem na área de risco terão atendimento habitacional garantido. Inúmeros projetos de construção de unidades habitacionais estão em andamento, visando realocar as famílias afetadas para áreas mais seguras.

A comunidade local ainda aguarda por esclarecimentos da prefeitura de São Sebastião e a situação permanece envolta em dúvidas e apreensões quanto ao futuro da Vila Sahy.

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