Argentina desiste de integrar o Brics e não considera oportuna participação, afirma presidente Milei em carta aos países do grupo.
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A adesão da Argentina ao Brics havia sido acordada durante um encontro de cúpula do bloco em agosto, em Johanesburgo, África do Sul, quando o país era presidido por Alberto Fernández. Caso não houvesse a desistência de Milei, a Argentina passaria a fazer parte do Brics a partir de 1º de janeiro de 2024.
A carta de Milei foi enviada não apenas para o presidente do Brasil, mas também para os presidentes da Rússia, China e África do Sul, além do primeiro-ministro indiano. O presidente argentino justificou a decisão afirmando que “muitos eixos da política exterior atual diferem da administração anterior”. No entanto, a carta reitera o compromisso do governo nacional com o aumento dos laços bilaterais, especialmente com o Brasil, seu maior parceiro comercial.
A recusa da Argentina em participar do Brics não foi uma surpresa, já que em 30 de novembro, a futura ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino, havia publicado nas redes sociais que o país não se juntaria ao Brics.
Fundado em 2006, o Brics tem uma população de cerca de 3,2 bilhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) total de US$ 24,7 trilhões. Durante o encontro de Johanesburgo, Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos também foram aceitos para ingressar no Brics a partir de 2024.
A decisão do governo de Milei é um revés para o Brics, que visava aprofundar suas relações com a Argentina, um país estratégico na América Latina. A recusa da Argentina em participar do grupo pode impactar nas relações comerciais e de investimento entre os países membros do Brics e a Argentina.
Em termos de Produto Interno Bruto, a China é o país mais poderoso do Brics, com um PIB de US$ 17,7 trilhões em 2022, seguido pela Índia, Rússia, Brasil e África do Sul. O Brics representa uma grande influência geopolítica e financeira no cenário internacional, e a desistência da Argentina em participar do grupo é um movimento que pode ter repercussões significativas. A decisão de Milei marca uma mudança na postura da Argentina em relação à sua política externa, indicando que o país busca se afastar das alianças estratégicas anteriores.