
A ativista indígena Txai Suruí alerta para a urgência no enfrentamento às mudanças climáticas
No último dia 11, durante a Flip de 2024, a ativista indígena Walelasoetxeige Suruí, mais conhecida como Txai Suruí, fez um importante alerta durante a mesa “Saber o passado, mirar o futuro”. Em suas palavras, ela destacou: “A gente mora no pulmão do mundo e está sufocando, enquanto o Congresso Nacional quer aprovar o marco temporal”. Aos 27 anos, Txai é coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e uma das fundadoras do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia.
Mesmo com a ausência do Cacique Raoni Metuktire, devido a problemas de saúde, a voz de Txai ressoou no evento. Em um vídeo transmitido na Flip, Raoni expressou seu desejo de estar presente e destacou a importância da luta indígena. Um trecho do seu livro “Memórias do Cacique”, que será lançado pela editora Companhia das Letras em 2025, foi compartilhado com os participantes da mesa.
Txai, também colunista da Folha e produtora do documentário premiado “O Território”, reforçou a importância das ações coletivas no combate às mudanças climáticas. Ela pontuou que, apesar de estarem na linha de frente, a sociedade não indígena tem se mostrado cada vez mais individualista, o que dificulta a superação da crise ambiental. A ativista ressaltou a necessidade de compreender que a luta é coletiva e que o futuro é ancestral.
Em meio a reflexões sobre sua atuação social e a jornada familiar, Txai emocionou-se ao abordar o racismo que seus pais enfrentaram durante a campanha municipal de 2024. Filha do cacique Almir Suruí e de Ivaneide Bandeira Cardozo, conhecida como Neidinha Suruí, Txai destacou o preconceito vivenciado e a luta constante por representatividade política.
A ativista também criticou o contexto político atual, apontando para falhas no apoio do governo e do Supremo Tribunal Federal em relação às pautas indígenas. Ela questionou as ações do governo Lula, evidenciando contradições entre o discurso ambiental e as práticas de exploração na Amazônia. Txai reforçou a importância da demarcação de terras indígenas e denunciou resistências internas que impedem avanços nessa área.
Ao final da mesa, Txai compartilhou detalhes sobre seu livro de poemas “Canção do Amor” e emocionou o público ao declamar versos dedicados ao seu amor, o também ativista indígena Thiago Guarani. Com um olhar esperançoso para o futuro e uma mensagem de união, Txai encerrou sua participação na Flip, deixando uma marca indelével em todos os presentes.