Adolescentes negros são apreendidos ilegalmente no Rio de Janeiro por serem moradores de favela

A mãe do adolescente relatou o ocorrido na quinta-feira (21) na sede administrativa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, demonstrando preocupação com a segurança do filho, que provavelmente não voltará a frequentar a praia com seus amigos por medo de eventos semelhantes ocorrerem.
A Defensoria Pública tem registrado relatos diários semelhantes, recebidos dos conselhos tutelares da cidade. Esses relatos foram classificados como exemplos evidentes de racismo e segregação social por fontes não identificadas pela Agência Brasil.
O Movimento Negro Unificado (MNU) chamou de “apartheid” a prática de impedir que jovens negros de determinados locais frequentem espaços públicos com base na cor da pele e classe social. Além disso, Adriana Martins, da direção estadual do MNU, ressaltou que a prática do apartheid social, econômica e racial tem sido frequente, especialmente na época de verão.
A socióloga Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF), questionou a lógica da prevenção promovida pelas autoridades do Rio de Janeiro, afirmando que existe uma incriminação preventiva de tipos sociais considerados potencialmente perigosos.
Além das questões legais, é importante considerar os impactos sociais e psicológicos desse tipo de abordagem, que pode afetar a autoestima e identidade dos jovens apreendidos. A existência da violência policial e a suspeição pela cor da pele podem aumentar o sentimento de revolta desses jovens contra a sociedade.
Para lidar com essa realidade, a socióloga propôs a criação de uma rede de assistência social e investimento em atuações incisivas dos conselhos tutelares, visando a geração de oportunidades de desenvolvimento pessoal e de renda para a juventude. Adriana Martins, do MNU, complementa que a sociedade precisa oferecer perspectivas de vida além do cárcere e da violência para a juventude negra.
Diante desse cenário, as autoridades precisam repensar as práticas de abordagem e criar maneiras mais eficazes de prevenção de crimes coletivos, sem perpetuar a discriminação racial e social. É possível que essas políticas públicas e sociais tragam soluções mais eficazes do que as abordagens meramente punitivas.