Sete traficantes são condenados por tortura a morador para que ele assumisse culpa por desaparecimento de crianças na Baixada Fluminense
A Justiça condenou sete traficantes por torturar Leandro Coutinho da Silva, morador da comunidade Castelar em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O julgamento visava forçar a vítima a assumir a culpa pelo desaparecimento dos meninos Lucas Matheus da Silva, de 8 anos, Alexandre da Silva, de 10 anos, e Fernando Henrique Ribeiro Soares, de 11 anos.
Os corpos das crianças continuam desaparecidos, e o caso ocorreu em dezembro de 2020.
De acordo com a denúncia, os traficantes violentamente espancaram Leandro com o objetivo de fazer com que assumisse a autoria dos crimes. Além disso, as autoridades destacaram que os meninos estavam sempre juntos e andando pelo bairro, teriam sido mortos por milicianos, após roubarem uma gaiola de passarinho de um deles.
O juízo da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo detalhou as torturas e suas consequências para a vítima e sua família. A sentença descreve que a tortura praticada deixou consequências graves e que serão levadas por Leandro por toda a vida, incluindo consequências físicas e psicológicas.
Leandro e sua família tiveram que deixar para trás a casa onde moravam e seus bens por medo de represálias. As marcas das agressões que possui em seu corpo se somam às graves consequências psicológicas que a violência gratuita e desmedida provocou.
A denúncia afirmou que Leandro confessou aos policiais a tortura de que foi vítima para que assumisse a morte e o desaparecimento dos meninos. Ele teria sido sequestrado em casa por cerca de 20 traficantes armados e arrastado até o local da comunidade, onde foi submetido ao espancamento com pedras e pau, coronhadas, mordidas e queimaduras.
Os traficantes condenados foram Ruan Igor Andrade de Sales, conhecido como “Melancia”; Victor Hugo dos Santos Goulart, o “Vitinho”; Anderson Luís da Silva, o “Bambam”; Marcelo Ribeiro Fidelis, o “Petróleo”; e Jurandir Figueiredo Neto. Luiz Alberto de Souza Prata e Welber Henry Jerônimo receberam pena de nove anos e oito meses, sendo inicialmente cumprida em regime fechado.
A tragédia chocou a comunidade de Belford Roxo e, apesar dos esforços da Polícia Civil e dos bombeiros, os corpos das crianças nunca foram encontrados. Este nefasto desfecho representa a trágica realidade vivenciada por muitos moradores de áreas dominadas pelo tráfico e pela violência.
