Abin ilegalmente monitorou jornalistas durante governo Bolsonaro, em ato de violência e ameaça à liberdade de imprensa

De acordo com uma investigação da Polícia Federal, os agentes da Abin teriam utilizado ferramentas de espionagem adquiridas pelo órgão para monitorar autoridades do Judiciário, do Legislativo, da Receita Federal e até mesmo personalidades públicas, como jornalistas. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou essas ações, classificando-as como um ataque à liberdade de imprensa.
Para a Fenaj, a utilização abusiva de serviços de espionagem pelo governo Bolsonaro representou uma clara tentativa de violar a liberdade de imprensa e o sigilo da fonte jornalística. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) também se manifestou contrária às ações da “Abin Paralela”, sob o comando do delegado da PF Alexandre Ramagem, atual deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.
Procurando esclarecimentos, em fevereiro deste ano, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), a ABI e a Fenaj solicitaram ao Supremo Tribunal Federal a divulgação dos nomes dos jornalistas que teriam sido espionados ilegalmente pela Abin Paralela. Segundo o SJSP, o pedido foi embasado no direito constitucional ao sigilo da fonte no exercício jornalístico e no direito à privacidade de todos os cidadãos brasileiros.
A jornalista Mônica Bergamo, uma das profissionais monitoradas, expressou surpresa ao descobrir que seu nome estava entre os investigados. Em entrevista, ela destacou a gravidade da situação e o caráter abjeto de uma ação de monitoramento por parte do Estado. Bergamo também mencionou uma tentativa de difamação, com a intenção de conectá-la ao responsável pelo atentado contra Jair Bolsonaro em 2018.
A investigação sobre as atividades da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro continua em andamento, com diversas entidades e profissionais da imprensa exigindo transparência e responsabilização pelas ações ilegais praticadas.