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Prefeitura do Rio de Janeiro abre consulta sobre proibição de celulares na escola e enfrenta críticas de especialistas.

Prefeitura do Rio de Janeiro consulta a população sobre a proibição do uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos nas escolas

A Prefeitura do Rio de Janeiro lançou uma consulta pública para ouvir a população sobre a ampliação da medida que proíbe o uso de celulares e outros dispositivos eletrônicos durante o horário escolar. Desde agosto, está em vigor um decreto municipal que impede que alunos utilizem esses equipamentos dentro das salas de aulas, e agora a sociedade será ouvida sobre a possibilidade de estender a proibição também para os intervalos e recreios.

A iniciativa da prefeitura carioca se baseia no Relatório de Monitoramento Global da Educação de 2023, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que recomenda adoção de medidas para reduzir o uso excessivo de celulares em sala de aula. No entanto, ao ser procurada pela Agência Brasil, a Unesco afirmou que não recomendou a proibição do uso de celulares ou de qualquer outro equipamento tecnológico em sala de aula, mas ressaltou a importância de orientar os estudantes para utilizar os celulares em sala de aula apenas para fins pedagógicos.

O documento da Unesco levanta questões importantes sobre o uso da tecnologia na educação. Ele aponta que a tecnologia digital pode trazer prejuízos para a aprendizagem dos estudantes quando utilizado de forma excessiva e não aplicado para fins pedagógicos. Além disso, o relatório destaca que o direito à educação está cada vez mais vinculado ao acesso à conectividade, embora ainda haja desigualdade no acesso à internet em todo o mundo.

O decreto assinado em agosto pelo prefeito Eduardo Paes define que os alunos devem manter guardados na mochila seus dispositivos tecnológicos durante as atividades didáticas, podendo ser usados apenas sob autorização e orientação do professor para fins pedagógicos. No site da prefeitura, qualquer pessoa pode opinar sobre a extensão da proibição aos intervalos e recreio.

O secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, defendeu a ampliação da proibição, argumentando que o uso excessivo de celulares e redes sociais tem impactado negativamente a educação dos alunos, podendo levar a problemas como ansiedade, redução da curiosidade e baixa autoestima. No entanto, pedagogos e pesquisadores questionam a eficácia da proibição, alegando que a escola precisa discutir e problematizar as questões que estão presentes na sociedade, incluindo o uso da tecnologia.

Para a pedagoga Rosemary dos Santos, proibir o uso de celulares nas escolas é uma forma de desviar a atenção do debate sobre o uso responsável da tecnologia, que é inevitável na sociedade moderna. Ela afirma que as questões que emergem do uso da tecnologia precisam ser problematizadas em sala de aula e que os dispositivos digitais podem ser utilizados de forma positiva em projetos educacionais.

O professor Gilberto Santos, da UnB, também ressalta a importância de uma capacitação adequada dos professores para o uso da tecnologia em sala de aula. Ele argumenta que a tecnologia pode ser uma aliada na formação dos estudantes e que a proibição nem sempre se mostra eficaz, já que não capacita os alunos para o uso responsável do dispositivo.

Apesar do debate em torno da proibição do uso de celulares e dispositivos eletrônicos nas escolas, fica claro que a questão é complexa e demanda uma abordagem mais ampla, que inclua a formação dos professores, a conscientização dos alunos e a discussão sobre o uso responsável da tecnologia na sociedade.

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