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Satisfação insatisfatória: estudo mostra rejeição à implementação do Novo Ensino Médio por estudantes, docentes e gestores de escolas.

Novo Ensino Médio desagrada estudantes, professores e gestores

Uma pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revelou que a maioria dos estudantes, professores e gestores que estão implementando o Novo Ensino Médio estão insatisfeitos com o modelo. As reclamações incluem a falta de correspondência entre o que é ofertado pelas redes de ensino e o que é demandado, de acordo com os dados divulgados.

O estudo entrevistou 2,4 mil professores, gestores e estudantes de escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio na 1ª série no ano de 2022. As entrevistas foram realizadas presencialmente ou por telefone, entre junho e outubro de 2023. O relatório final da pesquisa está previsto para ser concluído em janeiro de 2024.

Das pessoas entrevistadas, 56% dos estudantes, 76% dos professores e 66% dos gestores demonstraram insatisfação com as mudanças promovidas pelo Novo Ensino Médio. Por outro lado, 40% dos estudantes, 17% dos professores e 26% dos gestores afirmaram estar satisfeitos com o novo modelo.

O Novo Ensino Médio causou polêmica desde sua implementação em 2022, gerando manifestações e debates no Congresso Nacional. O modelo estabelece que parte das aulas será comum a todos os alunos, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), enquanto a outra parte será direcionada pelos próprios alunos, que poderão escolher itinerários para aprofundar o aprendizado.

No entanto, a pesquisa revelou que o maior desafio para a implementação, apontado por 74% dos gestores, é a formação continuada para docentes e gestores. Além disso, a inadequação da infraestrutura, a obtenção de apoio técnico e aquisição de material didático também foram citados como desafios.

A coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, defende que a pesquisa fornece subsídios para melhorar o modelo e destaca a importância de considerar o descompasso entre o que está sendo ofertado e o que está sendo demandado, visando atender melhor tanto os estudantes quanto os professores e gestores.

“Para além da disputa política, temos que ver que são estudantes, são os nossos jovens, e é a vida deles que está em jogo, e a dos profissionais, dos docentes e gestores. É importante trazer a voz deles nesse momento”, ressalta Otero. A pesquisa visa subsidiar as decisões do Ministério da Educação (MEC) e dos estados para melhorar a implementação do Novo Ensino Médio.

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