Mudanças Climáticas Impactam Infraestrutura Brasileira e Comprometem Crescimento do País, Alerta OCDE

De acordo com a OCDE, a infraestrutura pública do Brasil é particularmente vulnerável a choques climáticos em meio a uma rápida, não planejada e descontrolada urbanização. Tanto as secas como as enchentes trazem prejuízos à infraestrutura brasileira, destacou a organização.
“A infraestrutura pública [do Brasil] é particularmente vulnerável a choques climáticos em meio a uma rápida, não planejada e descontrolada urbanização”, destacou a OCDE. Segundo a organização, secas frequentes e aumento das temperaturas vão criar desafios para fornecimento de energia, particularmente de fontes hidrelétricas.
Em relação às chuvas, a OCDE ressalta que os deslizamentos e as enchentes trazem prejuízos às cidades e ao transporte. O relatório destaca que as enchentes compõem 65% dos riscos naturais no Brasil, e os danos associados a enxurradas e deslizamentos foram responsáveis por 74% das mortes relacionadas a desastres naturais entre 1991 e 2010.
Segundo a OCDE, a mudança climática custa 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) a cada ano para as empresas do país. 55% dos prejuízos afetam as infraestruturas de transporte, 44% o fornecimento de energia e 2% o abastecimento de água. A queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas entre 2013 e 2021 ameaçou o fornecimento de energia em um país onde dois terços da matriz energética estão associados às hidrelétricas.
Diante disso, o relatório forneceu uma série de recomendações ao Brasil para enfrentar as mudanças climáticas. A primeira delas é a melhoria do planejamento, do financiamento e da entrega de empreendimento de infraestrutura para considerarem a resiliência climática. A OCDE também pediu revisões das políticas urbanas para evitar novas construções em áreas de risco e reduzir o impacto das mudanças climáticas.
Outra recomendação é o desenvolvimento do mercado de carbono, com a melhoria dos mecanismos de precificação das emissões de gás carbônico, para reduzir a emissão. Por meio desse mercado, investidores de países desenvolvidos financiam projetos de recuperação florestal ou de desenvolvimento socioambiental em troca de emitirem carbono nos países de origem.
A OCDE estima que os investimentos para adaptar a infraestrutura às mudanças climáticas custam, em média, 0,8% do PIB por ano entre 2022 e 2030, variando conforme o tipo de infraestrutura. O custo alto seria compensado pela diminuição dos prejuízos e pelo retorno econômico.